quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Da gentileza aos chopps

Não consegui esconder nervosismo pré-apresentação, pré-primeira exibição, pré-primeira ficção. Tomar uma cerveja não ajudou (deveriam ter sido duas?), ver Edgard Navarro antes da sessão muito menos. Logicamente, me senti honrado, mas não calmo. O que, por outro lado e passada a ansiedade, não me impede de dizer que sessão foi bacana.

Não só por rever amigos e parte de equipe que não via há tempos, mas também por encontrar desconhecidos, em número razoável para um filme sem grife. Depois de passar por experiências pouco agradáveis a cada vez que o revia na finalização, assisti-lo junto a um público pela primeira vez melhorou minha relação com resultado. Obviamente, muitos conhecidos devem ter sido apenas gentis nos parabéns, mas outros pareceram realmente ter curtido.

Como disse na apresentação, a primeira ficção não me soa diferente de outras primeiras vezes. Pode até ser romântica, mas quase nunca é a melhor. É uma questão de ter ou não talento sim, mas também de técnica, de aprimoramento.

Por outro lado, fico satisfeito por filme ter batido em alguns, e ainda mais em ver dois amigos, Arthur e Gabriel, já na madrugada e depois de trocentos chopps, discutindo entre si sobre, cada um defendendo o que achava, debatendo e discordando. Gabriel, que inclusive quebrou um baita galho no dia da exibição, disse até que filme deve funcionar mais para quem não me conhece. Tomara.

Agora é tentar fazer o filme rodar. À equipe, aos apoiadores, aos presentes, e a todos os que contribuíram de alguma forma, um muito obrigado. E até o próximo.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Lançamento


Muita gente já recebeu a notícia pessoalmente, ou através de alguma tecnologia do século XXI, mas relembramos no blog.

No mesmo dia em que Buenos Aires foi oficiliazada capital da República Argentina (1880), que a Finlândia declarou independência da Rússia (1917), e que Getúlio Vargas enviou ao Congresso o projeto que criou a Petrobrás (1951), teremos, enfim, uma coisa que não vale nada.

Na próxima terça-feira, também conhecida como 6 de dezembro, é o lançamento de Nunca Mais Vou Filmar. Sessão aqui em Salvador começa às 20h*, no CineCena Unijorge – o reaberto cinema do Shopping Itaigara.
Entrada é franca. Patrocinadores, apoiadores e amigos (se te esqueci foi por correria, não desleixo) já confirmaram presença. Se tiver interesse, sinta-se à vontade para aproveitar um dos meios de comunicação de nossa era e fazer o mesmo. Interessados em ver o filme são sempre bem-vindos.

* Nunca é demais lembrar, cálculo seguro é para meia-hora antes, 19h30min. 20h foi escolhido também porque horário de pico já passou, mas essa cidade é tão fascinante quanto imprevisível e pode, quando menos espera, te premiar com um novo engarrafamento. E, convenhamos, ninguém quer arriscar sair de casa à toa.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Teaser de cartaz

Lá se vão 137 dias desde 2 de junho, o Dia das prostitutas, quando terminamos montagem.

Nesses quase cinco meses, tivemos o texto que não planejava nem queria escrever, tivemos o áudio tratado no Estúdio Jinga. Finalizamos legendagem em inglês com Elizabeth Campbell, adiantamos a em francês com amiga Luisa Aquino, e tentamos agora fazer o mesmo com o espanhol. NMVF pode ter uma carreira muda, mas nasce poliglota.

Continuando processo, as cartelas ficaram prontas n
a sexta-feira (14). E embora o cartaz (assim como cartelas, obra de Guga Neto) ainda não esteja pronto, lanço aí um teaser dele – se é que isso existe.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

No ritmo em que deve andar

NMVF está bem, obrigado.

As coisas caminham de acordo com disponibilidade dos parceiros. A grande vantagem de não termos nenhuma grande produtora apertando nossas mentes é que o compromisso não é entregar algo dentro de um prazo específico e pouco flexível, mas sim tentar fazer uma coisa bacana. Arte, com cartaz e cartelas, deve ficar pronta em breve. Esboço já agradou.

Único a ter visto, por estar ao lado no momento em que abri e-mail, amigo achou "classudo". Ou pelo menos foi o que ele respondeu a Lucas (só para lembrar, protagonista de NMVF), quando ele pediu opinião sobre, ao nos encontramos no domingo.

Para deixar o blog um pouco mais visual, e para deixar imaginação de vocês à vontade (se é que ainda rola algum leitor), colo aqui alguns cartazes que sugeri como referências.

O curioso é que esboço não tem parentesco direto com nenhum deles, mas conseguiu pegar algo de bom de cada um e, o mais importante, muito de NMVF.

Assim que ficar pronto, ele faz escala aqui.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Mudança de foco - e de título

A primeira versão chegou dia 23, a segundo dia 1º, a última ontem. Retoques finais foram precisos e podemos dizer que áudio está 100% finalizado. Muito obrigado a Lucas Garay, responsável por cuidar dos detalhes, e ao Estúdio Jinga por parceria. O foco agora é outro.

Primeiro, as dúvidas com tradução de título.
“I will not shoot (or film) anymore”?
“I'm never shooting (or filming) again”?
“I'm not going to shoot (or film) anymore”?
“I will never shoot (or film) again”?

A última é a mais sedutora das opções, mas tanto film como shoot têm seus poréns. Embora exista uma queda, ainda não definimos. A qualquer momento devemos receber texto de Elizabeth (Campbell), que espera apenas revisá-lo para nos enviar. Estou ansioso para saber como ela traduziu "cu doce", mas faz parte - até porque preferi não perguntar.

Agora é com marca de direção de arte e finalização de vídeo. E correr para os correios.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Boa nova de Porto Alegre

O quase um mês sem postar foi por uma boa causa. Enquanto adiantávamos finalização de NMVF, tivemos o Cine Futuro e o Panorama, que acabou ontem. Graças a ele, inclusive, só hoje venho com boa nova, vinda de Porto Alegre na quarta-feira (24).

Na verdade recebemos e-mail na terça-feira, mas caixa de entrada não gosta do filme e só descobri o bendito no lixo eletrônico por falar,
meio que por acaso, com Tiago. Parêntese à parte, graças a Lucas Garay, lá do estúdio Jinga, áudio de NMVF está (praticamente) finalizado. Uma maquiagem faz milagres, a de um especialista mais ainda. As pouquíssimas ressalvas são menos falhas que detalhes, espécies de pequenos retoques.

Agora só falta o vídeo, a ser finalizado na Nove90, nova parceira. Mas isso é assunto para outro post.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Futuro, Espanha e +1

Aqui em Salvador, já vamos para o terceiro dia de Cine Futuro. Nele encontrei Guiu e Ana Luiza, para ficar apenas em gente da equipe de NMVF, a quem adiantei novidades, que hoje rabisco por aqui.

Desde fim de semana passada já temos a marca da +1! Filmes entre os apoiadores. Quem traz ela para o filme é David Campbell, que, como todo mundo sabe, está com a gente desde que NMVF era só um roteiro recém-rebatizado e sem previsão de ser filmado.

Confirmamos também tradução e legendagem. Elizabeth Campbell (irmã de David), que trabalha com as duas áreas na Espanha, já recebeu filme e em breve inicia trabalhos. Um muito obrigado aos dois.


No que diz respeito a finalização, mais detalhes em próximo texto.
Cine Futuro nos espera.

Ps: Foto retirada de filmagem de ensaio, feita por Campbell. No calor de dezembro, obviamente, quem dirigia era a cerveja.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Carinho

Foto: Diego Teschi

É a hora do carinho.

Som e imagem vão ser maquiados para aparecerem bonitos, ou pelo menos tentar.

Oficialmente, processo de finalização ainda não começou, mas falta pouco.

Em breve, NMVF volta com boas novas.

Bom final de semana a todos.

Ps: Para quem não lembra ou não conhece, na imagem temos ator e atriz, Lucas Lacerda e Bruna Scavuzzi, e um pedaço de Hollywood.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Um texto que não planejava nem queria escrever

Soube no domingo, já perto de meia-noite. Estava sem Internet e fui para a casa de uma tia, teoricamente, apenas para enviar arquivos de créditos e observações de finalização para Tiago Cavalcanti, que precisava deles na segunda. Para visita não ser tão rápida, entrei no Facebook. Priscilla me pediu para falar com Carol, o que fiz de bom grado, já que pela manhã (antes de Internet me deixar na mão) rolou uma agradável conversa cheia de amenidades. Agora não.

“Soube de Deng?”, me perguntou. Deng era como chamávamos Thiago Ferreira, autor da trilha sonora de NMVF, e que partiu de Salvador para Itabuna no domingo com mais três, incluindo pai e tia. A história dos quatro foi abreviada por acidente, já perto do destino, onde o carro deles encontrou a frente de um ônibus.

Seria exagerado dizer que era o melhor amigo de Deng, ou equivalente. Mas quando soube que estava em Salvador, liguei para ele e saímos na sexta, quando combinamos de sair também no sábado. Priscilla, Carol, eu e ele estávamos juntos até 2h da manhã de domingo, mas nos encontramos 18h, quando fomos pro MAM. Antes ele disse a Carol, sem lembrar que eu a conhecia, que os dois iriam com um primo dele. Nunca tinha me chamado de primo. Já no MAM, em um momento, estávamos apenas eu e ele.
- Deng, preciso ir no banheiro, man.
- Vai lá, pô.
- Você fica só aí de boa?
- Tô bem acompanhado.
Rimos, mas era verdade. Ele estava ouvindo e assistindo a músicos, a bons músicos, a uma música que ele gostava.

Antes do fim da noite, ainda tivemos direito à sua gim com tônica e à não menos tradicional conversa bacana. Deixei Priscilla em casa e, na vez de Deng, me perdi. Transformei os dez minutos que me levariam à casa dele em 20, 25. Não tenho o conforto oriental, nem a convicção religiosa que torne situação mais fácil, mas talvez não quisesse me despedir, simplesmente. Ainda não me desce a ideia de desligarem a tomada de alguém que, nove horas antes, estava rindo ao seu lado.

A sensação permanece horrível mas, pelo que conhecia de Deng, ele preferiria que ela fosse transformada em música, não descrita. Não tenho talento. Vi com ele que também não sei lidar com perda (ainda?), que para mim foi bem menor do que para mãe e irmãs, por exemplo. O que quer que deixe-as melhor, por favor.

Agora, e imagino que durante um bom tempo, é inevitável lembrar de The Spirit Carries On, de Dream Theater, que ele uma vez me disse ser “a melhor música gospel que existe”. Por Deng, torço para que ela seja algo além da coisa linda que é. E se ele mesmo prossegue seu caminho, que ele esteja em boa companhia; como estava no MAM, no meio dele, como estava com pai e tia, e como espero que tenhamos sido nesse meio.

Para quem não conhecia, perdemos um talento; para quem conhecia, um cara foda.

sábado, 4 de junho de 2011

No Dia das Prostitutas

Anteontem, no Dia das prostitutas, acabou a montagem de NMVF. Do primeiro dia de processo, em 10 de janeiro, são quase cinco meses. De dias úteis, devem ter sido uns dois. Com o que tínhamos em mãos, com o que foi filmado nas tardes de 20 a 22 de dezembro, é isso aí.

Dois dos que assistiram, Igor (Caiê) e Gustavo (Korontai), foram educados. Tiago (Cavalcanti), o terceiro elemento e que foi igualmente polido, acrescentou porém ao final, mas disse que precisava rever. Não sei se foi para me agradar que acrescentou adendo da revisão, mas curti. Pior seria a indiferença, que é um crime, já dizia William.

Próximo passo é enviar para finalização, ver detalhes de design, créditos e afins. Sem prazos e sem pressa, todo mundo na brodagem. Período mais longo já passou.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Pré-jogo

Foto: David Campbell

Ao longo dos meses do blog de NMVF, tentei evitar posts escritos às pressas e, principalmente, antes de algo que pudesse resultar em novidade. Primeiro porque poderia me arrepender do que disse, segundo porque evitaria o trabalho de atualizar duas vezes no mesmo dia (geralmente processo é mais interessante que escrever sobre), depois porque pessimismo e superstição me adoram, ainda que não exista recíproca.

Mudamos hoje. Se tudo der certo, daqui a pouco me encontro com Gu(stavo Korontai). Se tudo der certo, finalizamos montagem. Tudo deu certo com David (Campbell) e imagens pendentes. Bora ver no que dá.

Ps: Nossa locação não é mais a mesma. Concordo com autor.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Mimimi

A menos que ele seja perdido, por acaso ou crueldade extremas, não volto a dar nenhuma má notícia referente ao filme. Uma coisa é a crítica, a reclamação, a revolução; outra coisa é ter síndrome de vítima. Por mais que eu, como realizador, saiba o que acontece, eu como leitor não suporto "mimimi", e acho que estou longe de ser exclusivo nesse pensamento. Para completar, nenhum leitor pode ter a convicção se o que eu digo é verdade ou choro. Em outras palavras, falemos apenas do que de bom (ou "menos ruim") existe no processo NMVF.

Após finalização de montagem com Roberto Pazos e pausa com amigo Arthur Freitas, filme veio para Salvador, onde já pousou na máquina do editor/designer/fotógrafo/bróder Gustavo Korontai. Curiosamente, aliás, NMVF rodou e rodou para estacionar, veja só, na mesma rua onde mora nosso ator, Lucas Lacerda. Enquanto der, no entanto, manteremos a farsa.

Com gravação e montagem de últimos planos, cuja pendência foi cortesia da chuva no sábado, filme completa o 1% restante e parte para finalização. Ainda assim, qualquer torcida para agilidade do processo é bem-vinda.

Ps: Hoje temos o quarto e último ‘El Clásico’, que começa às 15h45min. Especialmente se tivermos apenas competência e ousadia, e não o "mimimi" de Mourinho, promessa é de coisa fina.

sábado, 23 de abril de 2011

De volta à terra natal

Foto: David Campbell

Peço desculpas pelos mais de dez dias sem texto, se é que ainda tenho algum leitor depois de quase quatro meses de embromação, digo montagem.

Deu tudo certo neste hiato, incluindo aí uma luxação exposta (sim, luxação esposta!) no dedão do pé de nosso Roberto Pazos, o que o leva a oito dias sem sair da cama. Mas como
NMVF já ficou um mês sem mudar um quadro, oito dias são moleza, especialmente porque maior pendência, a trilha sonora, já foi devidamente encaixada.

Montagem deve estar 100% pronta até a primeira metade de maio, espero. Em conversa com Tiago (o Cavalcanti), com base na única imagem-pendência, imagino que em meados do mês cinco estejamos com o filme pronto para finalização. A de áudio já temos, no Estúdio Jinga, a de vídeo buscamos.

Gostaria de terminar filme em tempo de inscrevê-lo no Panorama Internacional Coisa de Cinema, que acontece de 2 a 9 de junho em Salvador, mas inscrições só vão até semana que vem, dia 27. Verdade que até lá temos 99% de montagem pronta, talvez até um 100% aproximado, mas com áudio e vídeo ainda por serem finalizados, o que ainda toma algumas semanas.

Como projeto me chama de volta há algum tempo, devo finalizar o 1% restante de montagem em Salvador. Enfim, NMVF volta à terra natal.

Ps: Volto a usar fotos para posts em homenagem ao roubo de carro no Parque Costa Azul, nossa principal locação. Não faltam matérias sobre na internet, e rola até um vídeo com mais de dez minutos. Como diria o outro, "barril".

domingo, 10 de abril de 2011

A música de Berlusconi

Sexta-feira, dia de gravação da trilha sonora, 7h15 da manhã. Em Itabuna, Ilhéus e Uesc, onde deveríamos estar às 8h, está tudo cinza, cortesia da chuva, que veio descontrolada. Um convite a tudo, menos a andar com instrumentos e amplificadores pela rua.

Na quarta-feira (6), a Uesc oficializou a greve dos professores, que ganhou adesão de estudantes e funcionários, justamente para a sexta-feira em questão, também chamada de anteontem. Em outras palavras, teríamos ela e apenas ela para resolver tudo da trilha sonora - e também para continuar montagem do filme, mas isto é uma outra questão.

Às 8h30 já tinha tentado falar com Deng (Thiago Ferreira) duas vezes, ambas em vão, situação que continuou até 9h, quando recebi primeira mensagem dele. Estava sem poder sair do trabalho, de onde me mandaria notícias assim que possível, o que só veio às 9h30, quando cravou: “10h tô liberado”. O porém é que, com início da greve no dia, manifestantes pararam carros na entrada da universidade, o que dava a todos a garantia de tomar, pelo menos, 100 metros de chuva; incluindo aí, obviamente, os instrumentos.

Não disse isso a Thiago, logicamente, mas liguei para a Uesc e soube que entrada já era permitida, na primeira boa notícia do dia, que logo teve uma réplica. Uma corda da guitarra que ele usaria escafedeu-se, o que o levou a trocar por guitarra antiga e, como consequência, perdemos mais alguns minutos. Como nosso horário ia até o meio-dia, teríamos, com tempo de ida para universidade e transporte de equipamento, pouco mais de uma hora para gravar, editar e mixar a música. Partimos para a Uesc, onde chegamos e vimos portão fechado, contra o que me foi dito. “O jeito é entrar pela saída”, pensamos juntos. A ré foi dada e, pimba!, beijo no pára-choque alheio. “Quando tudo parece melhorar, Murphy prova que está com saudades”, nos desesperamos juntos.

Por sorte, contudo, não apenas o barulho não afetou nenhum dos dois, como carro alheio era de ex-professora nossa (!) - que entendeu pressa.

Após período de subir com instrumentos, caixas, pedaleiras e afins, entramos no estúdio, nos aclimatamos e deixei Thiago onde ele se sente bem. A primeira nota foi gravada já depois das 11h, o que me deixou aflito, mas que foi inevitável. Às 11h45min terminamos introdução, e finalizamos primeira ideia da música como um todo às 13h, quando Thiago se aproximou da perfeição, quando preferimos ir além, por um caminho que ainda tateávamos, mas também quando Ady Lúcio pediu uma merecida pausa; afinal de contas, extrapolamos mais de uma hora de seu horário. No almoço, conhecemos um italiano (um italiano dono de restaurante no Salobrinho, WTF!) apaixonado por Frank Zappa e que parecia ter mais sotaque que Berlusconi. Tivemos que deixá-lo para gravarmos segunda parte outras vezes, muito mais do que imaginávamos, mas até momento em que realmente sentimos que não tinha mais para onde ir, no melhor dos sentidos.

Após muitas repetições e tentativas, música atingiu seu ápice sem soar mecânica. É o tipo de coisa difícil de conseguir em qualquer meio artístico, e que parece não existir definição melhor para isso que uma combinação do talento com o inexplicável. E o sacana ainda é um baita companheiro. Quando cheguei em casa, nem parecia que dia tinha começado tão ruim, nem parecia que alguém poderia chamar aquilo de trabalho.

A Uesc entrou em greve e montagem vai ter que parar? Contatos já foram feitos, é o que posso fazer até ter alguma novidade. Além, obviamente, de escutar 2min28s algumas vezes por dia.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Chá de espera e de câmera

Antes da boa nova, adianto que Roberto Pazos viajou e só voltamos a trocar ideia na terça-feira (12), o que nos leva à conclusão de que NMVF (pretendo chamar o filme assim agora), definitivamente, prefere o descanso ao estresse. Parêntese feito, a notícia bacana é que, extra-oficialmente, montagem chegou ao fim. Eu revi, Pazos reviu, e – uma vez que o filme não pode ser todo refilmado – poréns ou detalhes só podem ser corrigidos ou ajustados na finalização.

O “extra-oficialmente” entra na frase porque estamos apenas à espera da trilha sonora, que Thiago Ferreira leva ao estúdio na sexta-feira (8), e de imagens pendentes, que devem chegar até o meio do mês.

Para o primeiro caso, imagino que em dois dias (ou seja, duas manhãs das 9h30min ao meio-dia) consigamos encaixá-la com vídeo, basicamente o mesmo tempo que visualizo para montar parte à espera. Em outras palavras, penso que montagem chega ao fim em, com azar, uma semana útil – e por “semana útil” entenda não uma segunda a sexta, ou uma quarta a terça, mas cinco dias de montagem.

Antes disso, contudo, temos um imperdível (bem melhor que o chá de espera que todos do filme têm tomado) “Chá de Câmera”.

O bom de David, cujo equipamento (câmera, lentes e flash) não acertou mais o caminho de casa após ter sido deixado em táxi, é que rapaz não ficou de mimimi, costume bem comum no país (e no estado) que amo e não deixo. No próximo dia 14 (quinta-feira) rola o Campbell’s Festival, que apesar do nome talvez remeter a gente encharcada de uísque, é evento onde teremos, além do roquenrol, exposição e venda de fotografias do rapaz. Espero ir, mesmo que volte no domingo para continuar montagem de NMVF. Até porque, convenhamos, muito do que o filme tem de bom é mérito dele. Defendo todos lá.

domingo, 27 de março de 2011

Caminho sem volta

Depois de boa fase sobrar até para equipe, já que David Campbell viu todo seu equipamento escafeder-se após corrida de táxi, coisas começaram a melhorar – até porque elas teriam que fazer muito esforço para piorar.

Em meio a contratempos, editamos apenas na quarta e na quinta, mas idéia é não falhar um dia essa semana. Obviamente, não dá para cobrar o mesmo ritmo que tinha com Igor, em parte porque Roberto não conhecia material, mas principalmente porque nosso tempo é bem menor – se em Salvador montávamos das 14 às 20h, agora vamos das 9h30 às 12h.


Em termos de conteúdo, assumi de vez retorno à ideia inicial. Não sei se por conformismo ou costume, ou se por uma mistura de pessimismo com auto-crítica, para mim decisões são baseadas no “temos que escolher qual desses problemas assumir”. Definição de tom parece ter atingido caminho sem volta.

Como boa nova, Roberto me veio com sacada monumental, que corrige algo que via como problema, e a princípio soa até melhor que ideia original. Só nos falta ver se será possível - o que só devo descobrir ao longo da semana.

Salvador, representada por projeto e por saudade, já me chama de volta. Itabuna e Ilhéus, em meio a amigos e momentos característicos, incluindo aí clássicos “nunca mais vou beber” (dos outros, lógico), já esboçam um até logo. Se por um lado produto final deve ficar pronto só em junho, caso tudo dê certo, edição caminha para seu fim já em abril. Nunca mais vou filmar, ou pelo menos sua montagem, já inicia contagem regressiva.

domingo, 20 de março de 2011

Do Japão à Uesc

Desde semana passada, não falar no Japão pode levar uma pessoa a ganhar vários adjetivos bacanas, de alienada a frívola, para ficar apenas nos mais sutis. Não sei se por preguiça, limitação ou estupidez, me vejo incapaz de fazer algo além de torcer para que aquilo acabe, e não me vejo com quase nada a dizer além do que já foi dito – dentro do pouco que vi. Se por um lado não me orgulho da postura, ainda que ela venha acompanhada de outros adjetivos desagradáveis, me soa honesta.

No entanto, ainda pelo Japão, no início da semana vi um vídeo que até postei no Facebook. Em meio ao bombardeio de imagens que mostram a natureza em fúria e plasticidade que ultrapassam os maiores (em tamanho) filmes-catástrofe, a que mais me chamou a atenção foi uma sem morte, sem água, sem tremor e sem pessoas. Com uma câmera e dois seres, a cena vai contra o inevitavelmente egoísta instinto de sobrevivência, e qualquer descrição é limitadora: http://www.youtube.com/watch?v=J3TM9GL2iLI&feature=youtu.be.

Filme
Nas últimas semanas, entre telefone, internet e contato pessoal, algumas pessoas me perguntaram quando o filme fica pronto. Afinal de contas, teoricamente, lá se vão três meses de montagem.

Adoraria dizer para eles que processo tem demorado por edição à la Orson Welles ou Cassavetes, adoraria dizer que perfeccionismo vem de Kubrick. Mas, como diria o festival, é tudo mentira. Lá se vão quase 30 dias desde 25 de fevereiro, a data em que Nunca mais vou filmar foi modificado pela última vez. De desencontros ao carnaval, passando por mudança de cidade e de editor, convite e burocracia, o filme ficou parado.

Verdade que, nessa semana, temos a trilha sonora mais próxima do ideal, mas também é verdade que sequer pude remontar a sequência; ainda que desconfie, não posso comprovar que agora posso encaixá-la melhor.


Imagino que todos (isto é, as quatro pessoas que gostaram do roteiro mais as 15 da equipe) queiram ver o filme, mas não dá para brigar com o acaso – posso apenas lidar com ele.

De qualquer jeito, esclareço que este não é um post desiludido ou decepcionado pelo meio ou processo, pelo contrário. Se assim estivesse, pensamento-mor seria o de acabar a coisa a qualquer custo para fazer outra sem nada a ver, e não já iniciar outro roteiro. Ainda que, antes dele, tenhamos Nunca mais vou filmar. E, não menos importante, a paciência nossa de cada dia.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Murphy e os brasileiros

Foto: Diego Teschi

De longe, mas com léguas de distância para o segundo colocado, nosso melhor amigo tem sido Murphy. Primeiro, após um tempo internado na UTI, o HD morreu. Na verdade, entre a família, é consenso a desconfiança de que ele já tenha chegado sem vida ao hospital – na falta de sinais antecipatórios, parece ter sido fulminante mesmo. Pior ainda se pensarmos que, dois dias depois, Murphy atacou o HD do desktop da casa, cujo diagnóstico foi mais certeiro: morte imediata.

O menos mal é que, no segundo caso, dados foram salvos. No primeiro, o mais importante, apenas eu me estrepei – pouca coisa do filme se perdeu.

No entanto, o que freia
Nunca mais vou filmar, além de anotações que se foram com o primeiro falecido, é a incompatibilidade de programa. Inicialmente montado na versão 7.0 do Final Cut, projeto não pôde ser aberto na Uesc, mas imagino que até amanhã tenhamos isto resolvido, para retornarmos à edição na semana que vem. Desde que, obviamente, Murphy não volte a nos visitar.

Para falar de coisa boa, acabo de receber nova trilha sonora de Thiago Ferreira. Lógico que preciso escutá-la mais vezes, reencaixá-la com imagem, e só depois ter uma opinião mais precisa. Mas, de antemão, dá para adiantar que melodia e título (que não revelo por soar
spoiler – se é que o filme tem algum) são coisa fina. Mas, assim como nossa amizade com Murphy, isso não é novidade. A vantagem é que nós somos brasileiros: desistimos, mas não sem humor.

terça-feira, 15 de março de 2011

Futebol, montagem e hospital

Foto: Diego Teschi

Oficializamos hoje nossa mais nova parceira. Conscientemente ou não, lá vivi boa parte do que resultou em Nunca Mais Vou Filmar, lá realizei a maior parte de Do Goleiro ao Ponta-esquerda (2008). Com o aval do professor Samuel Leandro Oliveira de Mattos, diretor do Departamento de Letras e Artes (DLA), e do sempre solícito Emiron Gouveia, gerente de laboratórios, a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) é nossa mais recente companheira.

Graças a parceria, seguimos montagem com aquele que foi não apenas professor e orientador em TCC, mas, não posso deixar de citar, freguês de Winning Eleven – o popular
uinelévem. Acho que só jogamos uma vez na casa de Jackson, talvez outra na casa de Calabresa, e a verdade é que nem lembro do resultado - mas quero chamá-lo de freguês. Depois de me ter como o pior orientando de todos os tempos daquele semestre, voltamos a trabalhar juntos.

Após etapa com Igor, quem prossegue montagem é Roberto Pazos. Amanhã temos primeiro encontro pós-oficialização, quando ele será apresentado a material bruto. Até final da semana começamos a editar.

Ps1: Salvador já me convoca, estou com saudade, mas preciso de mais algumas semanas aqui.

Ps2: Após consulta, notebook foi internado e encontra-se em estado grave, porém estável. À espera de novidades para amanhã, torcida é bem-vinda.

Ps3: Foto é das poucas remanescentes em computador daqui, mas uso-a também por preguiça bruto de stills está garantido em backup.

domingo, 13 de março de 2011

Sob controle

Talvez alguém tenha se preocupado com postagem no Facebook, mas não foi intenção.

Aquilo foi uma mistura de desabafo com um discreto pedido de socorro, já que técnico acostumado aos problemas do PC em Itabuna estava incomunicável, e busca pela internet não mostrava nada agradável. Continuei sem conseguir falar com médico da família, mas asseguro que nada de vital foi perdido, se HD não tiver solução. O maior efeito colateral, pelo menos baseado no que lembro, pode ser um leve atraso pela falta de algumas importantes, mas não indispensáveis observações.

Espero, em breve, trazer novidades referentes à continuidade da montagem. De resto, boa ressaca a todos.

sábado, 5 de março de 2011

De mudança

Enfim consegui falar com Roberto e suas férias. Desconfiava que seu não retorno sobre o filme significava que ou ele tinha detestado o que viu, ou tinha assistido e esquecido de falar sobre. Fosse como fosse, continuo sem ver muita diferença entre fazer algo ruim e outro facilmente esquecível. Mas, como disse, matei a dúvida.

Ele veio com ressalvas, espero que entre outros motivos porque versão recebida foi a primeira, aquela coisa medonha que me deprime só pela lembrança. No entanto, uma das coisas que o agradou foi a sequência que mais o preocupava. “Gostei da maneira como montou ela”, disse, antes de ouvir uma resposta que talvez ele não esperava. “Mudei ela quase toda”.

Fomos um pouco além na conversa, mas logo mudamos para o futebol, até por combinarmos de assistir ao último corte (temporário) juntos. Embora mais de 700 quilômetros nos separassem na quinta, hoje distância caiu para 200 e pouco, e no final da semana que vem estaremos os dois em Itabuna. Final de montagem, assim como gravação da trilha sonora definitiva, acontecem entre ela e a vizinha Ilhéus. Prefiro não adiantar nada sobre processo, também porque é carnaval e texto já está longo demais.

Um descanso, ou algo que se passe por ele, é bem-vindo a muita gente, incluindo aí o filme. Boa folia a todos, inclusive aos que não são dela.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Bem pior

Hoje temos talvez o corte mais radical de Nunca mais vou filmar. Não que ele revolucione alguma coisa, pois sequer tem essa pretensão, mas o que trouxe para casa na sexta-feira (25) parece outra coisa. Se compará-lo àquela vaga lembrança do que poderia remeter a um esboço de um curta-metragem que ainda precisava de cuidados, se compará-lo àquela versão de 26 de janeiro, mal parece o mesmo diretor.

Em outras palavras, a montagem tem se mostrado tão penosa (embora encontros sejam bissextos, lá se vão dois meses de edição) quanto fascinante.

Momento pouco agradável foi partir para encontro com Igor com duas salvações, duas certezas, e perceber que estava errado. Uma traria mudança de tom em desarmonia com o filme, a outra foi impedida por “problemas técnicos”, que podem ser traduzidos como “deu merda!" em algo no plano ou no corte.

Decepção à parte, o importante é não estarmos mais em busca de
como montar, mas sim da melhor maneira de fazê-lo. Caso queira outro sopro de otimismo, se versão atual e de mês passado parecem filmes de diretores diferentes, dá para dizer que aquele era bem, mas bem pior.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Homicidas frustrados

Foto: Diego Teschi

Após nove dias de folgas forçadas, ou apesar deles, muita coisa mudou.

O filme que deixamos hoje na ilha de edição (e que não trouxe para casa porque ainda não dá para chamar mudanças de um novo corte) é bem diferente da última versão.

Não sei também
se por causa da pausa, ou se devido à proximidade do fim da montagem, eu e Igor chegamos na fase em que a qualquer momento esganaremos o outro. Geralmente um ganha no desejo, seja por querer tentar outra coisa, seja por defender uma ideia já usada, mas a recíproca é sempre verdadeira.

O bacana é que clima nos deixa ligados, e que essencial está claro: não adianta lutar pela prova que “estou certo”, não adianta frisar o “eu avisei” ou “era como eu disse”, se não ajudar o filme. Graças a este pensamento, aliás, pelo menos até o fim da montagem, acho que continuaremos homicidas frustrados. Cada vez melhor, ou para mim mais apresentável, filme agradece.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tudo certo - dentro do impossível

Deu tudo certo, a princípio.

Verdade que eu e Igor não pudemos nos encontrar ontem, assim como é verdade que me parece impossível, passados dois meses das filmagens, ter um clima sedutor para regravar dois minutos de áudio e um plano de vídeo.

Por toparem ideia broxante, deixo aqui um “muito obrigado” público a David, Bruna e Lucas.

Os três, inclusive, assistiram ao último corte do filme, o segundo na prática, e fizeram algumas observações. Só não me peça para falar sobre num fim de tarde de sábado como hoje, com sol e calor na soterópolis.

Satisfação dada, que todos tenham um bom resto de final de semana.

Ps: A imagem do El País é do jogo que foi, como esperado, 90 e poucos minutos de um monumento que merece ser tombado como patrimônio da humanidade. Espero ainda fazer um filme do mesmo nível.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Entre segunda e amanhã

Foto: Lica Ornelas

Se tudo der certo, amanhã resolvemos as últimas pendências que hoje seguram a montagem de
Nunca mais vou filmar. Um áudio aqui e um plano ali se juntam em prol do filme e, espero, vamos para o início do fim.

Verdade que ele é apenas mais um início de mais um fim, como também é verdade que ainda falta a trilha sonora, mas vamos por partes. Em primeiro lugar, a finalização de áudio e vídeo exigem bem menos de minha cabeça, que agradece a pausa. E a música, que nunca foi dor de cabeça, já foi discutida o suficiente com Thiago Ferreira. Essa madrugada, inclusive, ele transformou a caixa de e-mails em um MSN, mas por uma ótima causa.

Mas e o filme, cara pálida?

Até a segunda, tínhamos um problema. (Na verdade temos vários, mas esse me chateava mais por ser uma solução transformada em problema.) Existia uma parte de um plano que me soava fabulosa, mas que, desde o início, se assumiu completamente antissocial. Não conseguia encaixar aquele trecho em canto nenhum, ele parecia fadado ao lixo, e eu à depressão. Até que Igor me veio com a sugestão de “encaixar aquele plano aqui e cortar pra lá”.

Na verdade, as aspas são figurativas, não faço ideia do que ele disse, mas ao concordar que podíamos fazer aquilo, não me segurei: “você salvou o filme”. Por mais que exista uma inevitável dose de exagero, foi o melhor momento da segunda-feira (14), o último dia que nos encontramos.

É possível que muita gente sequer faça ideia de qual plano seja, no fim das contas. Se for o caso, sinal de que funcionou.

Ps: quem me ler imediatamente após a postagem, e gostar, não se esqueça de Arsenal x Barcelona. É agora às 16h30min, hora de Salvador. Mais que o jogo, tem potencial para ser o confronto (ida e volta) do ano.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

17 horas, em Salvador

Foto: David Campbell

17h, rua Adelaide Fernandes da Costa, bairro Costa Azul. Nesse horário, a visão é a mesma quase todos os dias letivos do ano. Pelo menos ali, na altura do Colégio e da Biblioteca Tales de Azevedo. Meio mundo de gente com farda, ou ligado a um dos dois, zanzando de um lado para outro. A diferença é que, entre 20 e 22 de dezembro, a rotina dessas pessoas foi mudada por outras 13, ajudadas uma câmera.

Ontem passei por lá nessa hora e, em meio à sensação de
déjà vu, divaguei um bocado.

Primeiro veio à mente a maluquice de, em 11 horas úteis e com uma só câmera, conseguir 20 minutos de filme; é como fazer um longa de uma hora e quarenta com uma semana de filmagem. Para completar, também é verdade que ter um primeiro (que pode até ser chamado de terceiro) corte após sete dias de montagem é para poucos.

Em outras palavras, poderíamos ganhar vários prêmios de agilidade. Mas, em termos práticos, eles não fazem sentido algum. Nem servem de consolo.

Desculpas, explicações e satisfações são bons para extras de DVD e para blogs, mas desculpas, explicações e satisfações, assim como os extras de DVD e blogs direcionados, só existem por causa dos filmes. Eles que importam, e eles vão além de qualquer competição (principalmente de agilidade), coisa que o cinema não é, embora muita gente queira transformar a arte num ringue de vale-tudo. De vale-tudo não pela arte, o que pode ser válido, mas pelos prêmios, o que me soa mesquinho.

Sim, uma semana sem editar, justificada por pausa inevitável, já deu ao filme o tempo necessário para respirar. Não vejo a hora de acabá-lo, existe um óbvio cansaço, mas relembrar todo o processo me fez sentir faltar dele. Sacana, ele.

Ps: A partir de hoje, no canto direito (abaixo de "arquivo"), deixo uma área só para gente bacana que escreve sobre cinema e sobre filmes. Podem ir, sem medo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Críticas e prazos

Foto: Diego Teschi

Já temos algo mais parecido com um filme. Embora nossas indicações (minhas e de Igor) tratem essa versão como terceiro corte, ao rever material com Tiago, discordamos. Ou melhor, concordamos ao discordar e chegar à conclusão – quase ao mesmo tempo – que este atual é, de fato, o primeiro corte.

No início tínhamos pedaços em busca de um todo a ser descoberto, agora temos um filme que parte para a busca de seu melhor. Antes tentava montar algo minimamente apresentável, com um mínimo possível de falhas grotescas; agora ponderamos o que existe de ruim ou de não tão bom e vemos até que ponto pode ser melhorado. O filme já tem corpo, já tem vida própria, está cheio de manias, aliás. Suas vontades começam a aparecer antes de percebermos. É bom.

Prazos
Em conversa com Tiago, baseado no que ainda temos pendentes, disse que espero estar com o filme pronto no início de março. “Gosto de seu otimismo”, ele respondeu. Ao tentar re-explicar o porquê de minha ideia, com pendência de novos cortes, trilha sonora, regravação, e finalização de áudio e vídeo, ele voltou a repetir que gostava de meu otimismo. Talvez faça sentido, talvez só vejamos o resultado em fim de abril, dezembro, ou até, quem sabe, na Copa de 2014.

De volta ao resultado, as críticas dos amigos João Daniel e Robyson são válidas, até pelas diferentes relações com o filme. O primeiro conheceu até uma das últimas versões do roteiro, o segundo tinha apenas uma vaga ideia do que ele tratava.

Uma notícia que pode ser vista como boa é que, mesmo longe do que o filme pode ter de melhor, resultado atual é dezenas de vezes superior ao do último dia 26. Espero seguir nessa toada e, daqui a um mês, olhar para material de hoje e tratá-lo como o que espero que ele seja: a vaga lembrança do que pode remeter a um esboço de um curta-metragem que ainda precisa de cuidados.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O inferno que vem de dentro

A pergunta remete aos tempos de Moisés, provavelmente. "Como diretor, faz seu filme para você ou para o público?"

Com uma sabedoria que também remete à Arca, em resposta a outra pergunta, Edgard Navarro resumiu melhor do que qualquer que eu tenha lido, visto ou ouvido até hoje. "Ibope nenhum salva ninguém do inferno que vem de dentro".

A entrevista, na íntegra, pode ser conferida aqui, no sempre ótimo blog de Antonio Nahud, O Falcão Maltês: http://ofalcaomaltes.blogspot.com/2011/02/edgard-navarro-o-indomavel-bom-moco.html

Ps: Sobre o filme, estamos no terceiro corte, que a partir de agora tende a mudar apenas detalhes. Em breve espero falar dele, que já me agrada bem mais.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Reciclagem (ou o retorno dos que não foram)

Foto: Diego Teschi

Ontem saí bem mais satisfeito, curiosamente, graças também ao que já tinha desistido. Aliás, toda a edição de ontem foi atípica. Vivi um dia de Igor, que pegou o meu papel. Ele vinha com ideias, para ele sempre possíveis, enquanto eu citava o cigarro, a cerveja, a mão, o calango, enfim, tudo que pudesse resultar em problema de continuidade. Fiquei obsessivo com o encaixe e a suavização, ele com as atuações e o enquadramento. Foi ótimo para o filme, e tornou o processo mais leve, divertido até. Só tive certeza que nós dois continuávamos nós dois, e não o outro, na primeira pausa para o café. Se ele continuava com a eterna e insaciável saudade da cafeína (já tenho vícios demais, obrigado), aquilo provavelmente não passava de uma ilusão.

Curioso também como, após a desistência de minha ideia inicial, eu volto a ela, o que me parece bom. Sinto que processo está menos "manipulador" (não peçam detalhes, por favor), ou pelo menos me passa essa impressão, que é o que importa. Prova disso é que, como disse acima, passei a usar um plano que já estava com a passagem comprada para o lixo.

Existia um trecho do roteiro que, se por um lado me soava como um dos que inicialmente mais me agradava, por outro "não bateu". Dos ensaios até o segundo dia de gravação, não me convencia, e foi uma das poucas coisas enfatizadas por Roberto como um problema (o rapaz é educado). Só tínhamos mais uma dia, e provavelmente mais dois planos daquela sequência, mas conversei com Bruna e disse para ela mudar o raciocínio e a ordem, trocar introdução com conclusão, e improvisar do jeito dela.

O porém é que, no primeiro take após isso, não sei se ela esqueceu ou se Lucas não deixou, mas fato é que, embora tenham mantido parte do texto que para mim não funcionava mais, os dois reagiram maravilhosamente. Eles fizeram o que fazem os melhores atores: pegam um texto que, a princípio não funciona, e tornam bom. Para completar o lado positivo, é um dos momentos em que David melhor aproveita a luz e a câmera.

Não dá para dizer que temos um segundo corte, até porque parte da penúltima sequência tem erro grotesco, que eu e Igor, ao reeditá-la às pressas, deixamos passar. Seja como for, essa versão já está nas mãos de Thiago Ferreira. Por vários motivos, entre eles tempo, preferi mandar para ele um link onde possa baixar o filme em baixa resolução. Um arquivo que em Full HD deve ter vários GB, foi resumido a 96MB. Mas, como já conhece o roteiro, e como encaixe de esboço de trilha já ficou perfeito sem ele ter visto nada das filmagens, imagino que seja suficiente.

Hoje é dia de Iemanjá, de Rio Vermelho - ainda que seja de textos também. Amanhã eu e Igor voltamos à ativa.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Maravilhas do lixo

Foto: Diego Teschi

David soube do primeiro corte, foi para a casa de Igor e assistiu a ele. Quando veio me dar o abraço de parabéns retroativo (não pelo filme, mas pelo aniversário), trouxe também inevitáveis e bem vindas críticas. Ao ouvi-lo, no entanto, percebi que o dirigir é, entre outras coisas, escolher com quem se indispor.

Ele fez suas ponderações, como amigo e diretor de fotografia, do mesmo jeito que Igor faz as dele como montador quando discordamos, e da mesma maneira que toda a equipe fará – ou faria, se visse material agora. Não vejo nada de anormal em querer ver o próprio trabalho bem feito, assim como me soa inevitável que muitos depois me perguntem porque usei esse e deixei de fora aquele plano.

A explicação é simples, ainda que a escolha não seja. Existe o enquadramento, o som, a fotografia, a atuação e o ritmo, apenas para falar em alguns dos pontos a serem analisados agora.

Já tive que jogar no lixo, para falar de exemplos básicos, uma atuação fabulosa e um plano com fotografia magnífica. O culpado pode ser desde um cachorro que resolveu latir incessantemente até o alarme do carro que disparou, passando por um transeunte que escolheu a hora e o lugar exatos. E isso para ficar apenas em casos mais sutis.

Dessa maneira, conto com a compreensão de todos. De antemão, peço desculpas aos que, tenho certeza, se sentirão prejudicados. Mas o que quer que eu faça, e digo isso ciente de toda a pieguice açucarada que ideia pode trazer, faço - ou pelo menos tento fazer - pelo filme.

Ps: Está em pré-estreia e com sessão única em Salvador, nada menos que Tetro (2009), de Francis Ford Coppola (de O Poderoso Chefão e Apocalipse Now). Às 21h30min, no UCI Multiplex Iguatemi. Ainda não vi, mas - também pela real possibilidade de ele não ser promovido a estreia - é com certeza o "quero ver" da semana.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O primeiro corte (ou a vaga lembrança...)

Foto: Diego Teschi

A noite do aniversário e o início da madrugada seguinte foram preenchidas na ilha de edição, mas por uma boa causa. Desde 1h da manhã de hoje, quando saí da casa de Igor, temos um primeiro corte. Ou melhor, como prefiro chamá-lo, a vaga lembrança do que pode remeter a um esboço de um curta-metragem que ainda precisa de cuidados.

Ele está com 15 minutos, sem créditos iniciais e finais, o que significa que ficaremos próximos, mas não além dos 20. Mas, agora vem o que importa, como ficou o filme visto?

Sem tratamento de aúdio, sem tratamento de vídeo, sem rever a penúltima sequência após modificações, e sem rever a última sequência depois de montada, tem-se algo cuja base já é definitiva. E essa base, ponderados os poréns, pelo que acabei de ver pela primeira vez, tem salvação. Hoje, no entanto, principalmente devido à ainda forte lembrança dessa visita ao material, vou de trilha sonora.

Embora ela não seja definitiva, a ideia se encaixou maravilhosamente bem. E o efeito prolongado da música de Thiago (Ferreira, não o Tiago, Cavalcanti), ainda sem nome, parece o de boa parte das músicas de Thin Lizzy comigo. Falo de Thin Lizzy porque voltei a ouvi-los recentemente, mas imagino que eles possam ser substituídos por outra banda no caso específico de cada um.

No início, embora tenha percebido algo muito bem acabado, simplesmente não bateu. Veio aquela sensação de "dá para ver que é bom, mas eu não gosto". Uma hora depois (que pode ser uma semana para alguns), todavia, já achei resultado mais forte. Agora me vejo cantarolando empolgado.

Por mais que a música não seja essa, o caminho é. Depois que ele ver a vaga lembrança do que pode remeter a um esboço de um curta-metragem que ainda precisa de cuidados, garanto que áudio e imagem ganham e muito. Assim como garanto conteúdo no próximo texto.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Trilha sonora e mudanças

Os últimos textos estão uma esculhambação, pensei comigo mesmo. Quando falo em sequência quatro, cinco, meia, sete e oito, só quem tem como imaginar ou deduzir (coisas que funcionam em alguns bons filmes prontos, vale dizer), é quem foi para a gravação. Nem quem conhece o roteiro tem como identificar porque, mesmo na última versão, ele não tinha divisão por cenas. E embora eu não escreva pensando em público específico, nem tampouco queira abraçar o mundo inteiro, não pretendo transformar isso aqui em um confessionário aborrecido. Dito isto, vamos para as novidades.

Um dos motivos que me deixou com tempo e disposição para postar hoje foi a não montagem. Por motivo de força maior (detesto quando usam o termo, mas não posso ser mais específico), eu e Igor não pudemos nos encontrar. De qualquer jeito, tudo certo para amanhã, e sem boa notícia não ficamos.

Hoje, quando menos esperava, recebi de Thiago Ferreira mensagem de que ele tinha esboços para trilha sonora. Tinha pensado em apenas uma música para o fim, mas ele veio com duas ideias, uma para abertura e outra para o término.

Para tentar facilitar a vida dele, para ter uma base concreta e poder viajar loucamente, enviei oito imagens “printadas” de como visualizava a decupagem da parte final do filme. O que ele fez tem muito do que falamos, muito dele, e já ajuda um bocado para termos uma ideia de ritmo nesse primeiro corte. Lógico que existem outras considerações, mas que preciso e prefiro fazer pessoalmente (ou seja, via telefone) e após digerir mais a música.

Com relação à ideia para abertura, tenho que admitir que, quando penso que não tem mais para onde ir, ele me surpreende. Uma obra-prima, do início ao fim. Para ser mais específico, 1min57s de perfeição, com o mais inimaginável caráter experimental. São quase dois minutos do mais límpido, do mais irretocável silêncio. Digno dos melhores estúdios.

Sacanagem à parte, só o fato de reouvir e relembrar da música enquanto escrevo já me anima. Mesmo quando revoluciona a revolução, esse sacana é dos bons.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Otimismo

Foto: Diego Teschi

Pelo que já cansamos de rever de Nunca mais vou filmar, posso garantir que, até o momento, resultado é bipolar. Momentos ainda sem solução contrastam com partes que ficaram melhores do que visualizei. Tenho certeza de que parte do caminho está certo. Muitas coisas sei que vou mudar, outras ainda penso nas possibilidades. A maior parte da sequência cinco (dois planos) está fabulosa, trecho final das sequências um, três e quatro também estão bem próximas do ideal. A indecisão do resto vem, geralmente, de algo em desacordo com a proposta do filme, entre essas coisas estando até “corta” dito fora de hora. O que significa dizer que, logicamente, o diretor está entre aqueles que tem todo o mérito por uma tomada não funcionar como poderia. Com relação ao último porém, o do rango da pausa, amiga hoje mineira e talvez com saudade da Bahia, Bárbara foi brilhante: “coma um acarajé”.

Olhar otimista à parte, revi ontem a montagem parcial (que ainda não é um primeiro corte) com os 12min e quebrados, ao lado de Tiago (Cavalcanti, co-produtor executivo), que assistiu ao material pela primeira vez. Ele fez algumas considerações, uma delas inclusive que devo pegar, para a abertura.

Amanhã, eu e Igor voltamos à ativa. Até o final da semana, pelo menos, esperamos ter um esboço de primeiro corte. Falo esboço porque existe o som, que precisa ter partes regravadas, assim como a trilha sonora, outra pendência. Mas, convenhamos, tudo dentro do esperado. Inclusive, o que me parece cada vez mais inevitável, passar a noite de aniversário numa ilha de edição.

Ps: Falando em aniversário, vi depois da postagem, hoje é o de Jeanne Moreau, 83 anos. A foto é dela, um monumento vivo.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Atualização

Com relação ao conteúdo já montado de Nunca mais vou filmar, não há motivos para dúvidas. Pelo que já cansamos de rever, posso garantir, sem medo de errar, que está medonho. Tenho certeza, aliás, que estamos no caminho errado. Devemos ter uns 30 planos. Gosto de dois. Toda a equipe já foi xingada. Para completar a catástrofe, como se não bastasse nunca mais ter encontrado o enroladinho, ontem todos os salgados tinham acabado.

Não é o filme que sonhei, definitivamente.

Sacanagem à parte, Nunca mais vou filmar está bem, obrigado. Estamos na metade final da quinta sequência, o que dá cerca de 80% do curta, que está com 12 minutos até agora.

Hoje, em meio a conflito de compromissos, eu e Igor nos demos uma pausa. O blog também merece a dele. No próximo texto, em breve, todos voltamos ao normal.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Tarantino, Scorsese e consequência

Foto: Diego Teschi

Terminamos ontem o terceiro dia de montagem, que na prática foi o primeiro e meio. Estamos na quarta sequência, mais ou menos a metade do filme. Até agora, o que posso dizer é que o mais chato da edição não tem sido o processo em si. Longe disso.

É fato que os primeiros dias de praticamente qualquer coisa tendem a ser mais agradáveis que os últimos. Também pesam na situação uma terça e uma quinta de pausa, assim como a ótima e barata lanchonete onde paramos para respirar. A exceção é cortesia do pastel de forno, que venderam como bacalhau e era de frango, completamente seco, para completar.

Mas, como ia dizendo, o porém não é o processo, nem tanto o pastel de forno. Temos ainda o maldito timecode, que fez quase toda a ideia de decupagem servir para nada, mas o que me incomoda mesmo é a consequência dele. Desse período de pós-produção, digo.

No meu tempo livre, e até fora dele, penso demais nas possibilidades de montagem. Agora mesmo acabo de visualizar a solução para sequência que mais tive problemas com Igor, e um possível "eureka" para outra. Mas na hora, nós dois sabemos, é bem diferente e nada é tão fácil.

Com isso, falta cabeça para se desligar e simplesmente ver um filme. Estamos no dia 15 e só vi seis em 2011. Verdade que entre eles estão o fabuloso
Viver a Vida (1962) - como eu consegui não gostar dele na primeira vez que vi? - e os ótimos Além da Vida (2010) e Estrada Perdida (1997), mas a pouca quantidade é deprimente. Pelo menos para mim, que não tenho como sobrenome Tarantino, Scorsese ou coisa do tipo, é complicado ver e produzir, assistir a e tentar filmar muitas e boas imagens ao mesmo tempo.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O início do fim (ou do perfeccionismo ao preciosismo)

Foto: David Campbell

Graças a Igor, o “tá na mente” evoluiu para o “tá na maquina”, e agora oficializamos o início do fim. Com ele, é inevitável lembrar de como foi o processo em Do Goleiro ao Ponta-esquerda (2008), que me veio à mente em quase todo o período que discutimos montagem, e como ele tende a ser diferente agora.

Verdade que existe um abismo entre um documentário (sobre futebol) que mescla depoimentos, narração e computação gráfica, com uma ficção de homem que reencontra mulher. Mas se o processo de filmagem do primeiro foi infinitamente mais fácil (equipe se resumia a cinegrafista e eu na maior parte do tempo), sua montagem foi martírio que não vou repetir.

Ontem, o mais próximo do martírio que cheguei foi no retorno para casa, no ponto onde passa um ônibus por cada estação do ano. E dá várias voltas. Para ir de Brotas ao Costa Azul, tive a impressão de ter dado uma passada em Guarajuba. Para quem não conhece Salvador e o litoral norte do estado, é como ir de São Paulo para o Rio com escala em Brasília.

Voltando a Do Goleiro ao Ponta-esquerda, comecei a montá-lo em maio, apresentei o TCC em julho, com poucas mudanças a serem feitas, mas corte final ficou pronto apenas em outubro. Em outubro! Verdade que só de depoimentos eram mais de três horas, duração que nem todo o bruto de agora tem, mas ali eu confundi perfeccionismo com preciosismo.

Agora, nada de discussão por quadros para lá ou para cá. Nunca mais vou filmar não é um filme de ação. Como já disse, é de terror. Parte mais complicada dele, de longe e bem diferente de Do Goleiro ao Ponta-esquerda, foi a gravação. Na montagem, não só espero como visualizo menos tempo perdido para um resultado melhor. Acho possível.

Ps1: Os atentos já perceberam mudanças de créditos, mas explico. Gisela Stangl, a Guiu, apenas passou a ter seu nome na parte que ela desempenhou desde o início. No que diz respeito ao roteiro, desde convite a Bruna e Lucas disse que ideia dos encontros era para finalizá-lo a seis mãos - o que ajudou e muito na gravação corrida, aliás. Em suma, créditos retroativos.

Ps2: Acima, momento pós-filmagens. (Não, não sei se eles estavam tão felizes, mas preciso colocar uma foto bacana para o título do filme não ser profético. Agradeço a compreensão.)

sábado, 8 de janeiro de 2011

A mensagem do Messias

Foto: David Campbell

A cena é comum. Em festivais de cinema e derivados, você vê um entusiasmado diretor a falar de seu filme como se falasse de um filho, muitas vezes como se ele fosse o único do planeta, o Messias.
Faz parte. Nos debates pós-exibição, eles (os diretores e seus pretensos Messias) são bem-vindos, pois - se temos equipe ou parte da equipe do filme - vemos aí umas das raras oportunidades em que uma discussão reúne não apenas comentaristas, mas também comentado(s).

O problema é quando, e aí entram também pré-estreias à parte, a explanação é anterior ao filme.

Mais de uma vez, já senti uma mistura de constrangimento e irritação ao ver um autor "apresentar" sua obra. Essa combinação ideal (ou seja, demoníaca) costuma vir, geralmente, quando o realizador declama uma apaixonada crítica a respeito de si mesmo, ornamentada de metáforas ou de explicações sobre o que quis dizer e fazer.

A intenção do diretor (para não dizer que é irrelevante) importa menos que o filme. Detalhá-la antes da plateia assistir ao filme soa como algo ainda mais invasivo.

No texto que publicaria ontem, falava sobre locação em tom ameno, mas fiquei com a impressão de que já poderia induzir quem lesse a querer assistir ao filme do jeito que planejei. Passada a filmagem, o que eu quero dizer devo dizer é a Igor, na ilha de edição. Quero o blog não para advogar em favor do filme, mas para tentar manter o interesse dos outros em assisti-lo, sem que, para isso, eu tenha de interpretá-lo para todo mundo.

De antemão, todavia, já adianto: ele não será o Messias. Amém.

Ps: Filme com a cabine mais cheia que já fui (éramos umas 20 pessoas), Além da Vida, de Clint Eastwood, trata de espíritos com interesse maior na vida terrena e nos seres humanos, não na catequeze. Mesmo momentos potencialmente bregas, e o final é o mais triste deles, são geralmente contornados com sobriedade e elegância. Como parêntese, a sequência do Tsunami é uma aula de direção de cena-catástrofe. Estreou ontem. Vão!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"Tá na mente"

Foto: Diego Teschi

Poderia dizer, poderia começar o texto aliás, com um susto. “O filme está montado” foi o início que pensei, mas desisti porque teria aí uma parcela de mentira e outra de sacanagem. Primeiro porque o filme sequer foi para a Ilha, e segundo porque o montador não sou eu.

O que fiz foi dividir decupagem em três etapas, que talvez fossem transformadas em apenas uma se o diretor fosse outro. Na última, que terminei agora há pouco e que fiz sem recorrer à anterior para parecer não influenciado, terminei com anotações detalhadas, no fim das contas já com pensamentos em cortes e sequências.

Algumas delas, quanto mais revejo, mais fico em dúvida, às vezes porque ainda não encontrei o ritmo ou a junção ideal, às vezes porque duas ou mais opções parecem funcionar igualmente mal ou igualmente bem. Já outras me parecem intocáveis, com tomadas medonhas contrastadas com outras perfeitas, inclusive com pontos de corte que parecem sinais divinos.

No entanto, mesmo nestes casos, parte da ideia de estar com o filme montado e visualizado "na cabeça" pode, para não dizer que deve, cair na hora que material chegar nas mãos de Igor. Para o que o filme pede, um bom montador precisa ter noção de roteiro e direção, assim como sensibilidade para ator e atriz. Como deve(ria) ser o diretor. A diferença de Igor é que, como entendeu o porqu
ê de não querer vê-lo nas filmagens, não foi contaminado pelo processo.

Referências o rapaz tem, as do filme ele já sabe. Agora, só precisa salvar o resultado. Até breve, jovem.