quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Revisão

Revi hoje todo o material.

Exceção feita ao último, quando preferi o desligamento imediato, fiz a mesma coisa após cada dia de filmagem. Ainda assim, só agora percebi certos detalhes, e às vezes apenas em uma segunda visita ao mesmo take. Embora nem todos eles sejam exatamente agradáveis (e também por isso existe a montagem), alguns me deixaram com uma nada discreto sorriso.

Ontem, após pausa natalina, reencontrei Tiago em momento de produção executiva (são menos penosos do que imaginava que fossem). Durante ele, e logicamente depois, veio visualização de cartazes e discussão sobre referências, atividade que - devo admitir - faço satisfeito. Especialmente com stills que peguei hoje Diego (Teschi), o responsável pela função.

Uma semana depois de filmagem, ainda que já me programe para ter overdoses do Téo e da Sara que escolhi (ou seja, estou pronto para pesadelos com Lucas e Bruna), lembrança da equipe é bacana. Como último texto de 2011, acho justo escolher foto que reúne maior parte do time.

Ps: Não lembro autor da foto, só sei que não foi de Diego porque ele está ali, no canto direito. Em breve, com todo material obtido hoje, prometo imagens feitas pelo rapaz. Por "em breve", entenda 2011. Agradeço pela compreensão.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O último fim

Foto: Saulo Nery

Quando Ana Luiza falou em como filmagens tendem a ser sempre imprevisíveis, já passávamos meia-hora do término das gravações. Final digerido, cravei, com alguma ênfase, que tinha feito qualquer coisa, menos o filme que planejei fazer. O tom foi irônico, sem intenção de ser levado a sério, mas havia ali - mesmo que bem discreta - alguma dose de verdade. Só que isso não é necessariamente ruim.

Em meio a fatalidade, chuva e problemas com equipamento, gravamos só 20% dos planos no primeiro dia, o que resultou em cabalísticos 6,66GB. Roteiro técnico teve de ser refeito, sendo que no último dia combinamos de gravar por duas horas a mais como tentativa de compensação. As duas se transformaram em uma e, após pausa para almoço, praticamente tudo virou take de cobertura a ser decidido na hora. Nenhum plano foi gravado mais de cinco vezes, e repetição deles, quando havia, não foi ditada por análise de combinação entre som (que não ouvia), imagem (que pouco via, quando via) e atuação de elenco (que geralmente não poderia julgar àquela distância), mas sim pelo tempo, no sentido da luz e do cronômetro. O perfeccionismo, na prática, se transformou no ter que decidir entre uma boa cena, uma boa atuação, ou um filme.

Em conversa com Bruna, minutos depois de filmagem, disse que, em setembro do ano passado, quando comecei a escrever roteiro, estava no início de um relacionamento perfeito. Como tal, o futuro era idealizado pela imaginação, único lugar onde a continuidade dele existia. Passado mais de um ano, romantismo foi pragmatizado, discussões fortaleceram e desgastaram relação, marcante e próxima do caminho sem volta. Ontem acabamos, mas voltamos em janeiro, os dois sabem disso, pela última vez.

Após ela, sobem os créditos da relação, e fruto dela passa a não ser nosso. Espero que resultado me agrade, obviamente, mas também que ele agrade aqueles que acreditaram em projeto.

Agora, o filme e eu precisamos da mesma coisa: descanso e distância um do outro. Um natal bacana a todos, especialmente àqueles que deram sua contribuição para a feitura de
Nunca mais vou filmar.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O dia

Primeiro a entrar no projeto, David me lembrou falta de memória de nós dois com relação à +1 Filmes, de quem só esperamos a logo para divulgá-la.

Ontem recebi mensagem no Orkut de Antonio Nahud Júnior, que falava em surpresa para mim no blog dele. Ao entrar, li que O Falcão Maltês era premiado, o que não é nada inesperado, pois o blog é um monumento. A surpresa veio depois.

Uma das condições do
Prêmio Dardos, a honraria recebida por Antonio, é o premiado indicar outros blogs que reconhece como fonte de conhecimento e aprendizado cultural. E os três escolhidos por Nahud foram o Tela Prateada, de Daniele Moura, o Setaro's Blog, de André Setaro, e O Homem Sem Nome, moribundo blog deste rapaz aqui.

Como se não bastasse o orgulho de ser indicado por Antonio e de estar ao lado de Setaro, o dia chegou e amanheceu lindo. Que continue assim para todo sempre, amém.

Atualização às 20h28min: A chuva apareceu, negocio um sol para amanhã e depois.

Ps1: Lucas, em nome da equipe, desejo melhoras e o melhor para você.

Ps2: Na foto, A Noite Americana (1973), de Truffaut. A nossa já começou na véspera.

sábado, 18 de dezembro de 2010

A crença no meio

Foto: Saulo Nery

Após a última tomada de ontem, depois do “acabou” proferido a equipe, Nunca mais vou filmar avançou outro passo rumo ao fim de sua parte mais difícil? Ou o último ensaio, a apropriação do espaço pelo roteiro (ou seria o contrário?), marca apenas o início de problemas?

Tendo sempre a achar que a pior parte está por vir. Pode parecer ruim, só que é a pressão quem melhor mantém meu foco. Às vezes é cruel, porque nunca me desligo, mas prejudicada é a pessoa, não o diretor.

Não à toa posso frisar, como fiz depois da gravação, que temos material para um filme. Não apenas um filme, aliás, como um bastante semelhante ao último tratamento do roteiro.

Para completar ideia de dever cumprido, o fim de ontem foi dado após o esgotamento de ideias, e não de tempo.

Se o filme de hoje seria bom, ou se o final será, aí é uma outra questão.

Enquanto não temos essa resposta, agradeço ao Gato Xadrez e a Juliana Rosa por serem os anfitriões do bando, uma das poucas coisas em que acredito. A Ana Luiza, Bruna, Bulhões, David, Guiu, Lica, Lucas, Luzmar, Roberto, Saulo e Tiago; muito obrigado.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O último filme

Dei uma missão a David: conseguir, ou pelo menos tentar, o máximo possível para filmagem ok. O rapaz tem se virado e, em meio ao processo, vale frisar ajuda de Jeronimo Soffer.

Audiovisual à parte, nossa mais nova parceira vem através de Daniel Magno. O link para site da Maxxima já está ao lado.

De volta ao cinema, na segunda-feira, pela manutenção da sanidade, fui a ele pela última vez até início de ensaios. Logicamente, o filme a ser escolhido deveria trazer uma dose de inspiração, se possível ter temática semelhante com
Nunca mais vou filmar. Não pensei duas vezes: Wes Craven e A Sétima Alma (2010).

Após (para falar dos que vi) no mínimo ótimas diversões como
A Hora do Pesadelo (1984), Pânico (1996) e Aniversário Macabro (1972), aqui ele mistura momentos de pura inspiração (mérito também de roteiro) com o piloto automático. Ainda assim, é sempre bom ver gente como Craven filmando um gênero tão judiado e cinematográfico como é o de terror.

Falando nele (no terror, não no cineasta), que distância para nós seja grande. Nesse momento, pelo menos aqui, acabou de parar de chover. Que continue assim.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ressaca de dilúvio

Ontem Salvador sofreu uma tentativa de homicídio por parte de São Pedro. Lógico que ele não obteve sucesso, caso contrário o prédio torto onde moro seria um dos primeiros a entrar na onda. Ainda assim, defendo que ele (São Pedro, não o prédio) faça o mesmo hoje e todos os dias até o início dos ensaios. Desde que o assassinato não se consume, obviamente, o importante é esgotar o estoque de água para dezembro.

Antes do projeto de dilúvio, que nos lembrou mais maio que dezembro, estive com
Lucas e Bruna para última discussão de roteiro, já assinado a seis mãos. Não menos válido foi encontro referente a figurino, sobre o que falaremos em breve. O assunto de hoje é o que pincelei no último texto.

A namorada de amigo, no caso do fotógrafo, fez o primeiro contato. A expectativa era de semanas de espera, mas o exagero pensava em meses. Ele é muito ocupado, especialmente em fim de ano.

Coisa de 10 dias depois, no entanto, tivemos retorno. Sabe-se lá como, ele arranjou tempo, leu e gostou. O resto é uma continuidade de encontros, detalhes felizes e muita boa vontade.

O
Coesão, via Israel Mendonça, professor de redação, dramaturgo e gente da melhor espécie, é o nosso mais novo parceiro.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Novidades de natal

Para muitos, hoje é natal. Afinal de contas, há exatos 81 anos nascia John Cassavetes. Partiu antes do ideal, mas seu ideal, como aconteceu com sua obra, seria a eternidade. Embora nunca tenha visto Sombras (1959), pelo menos Noite de Estreia (1977) - foto - e Faces (1968) deveriam ser tombados como patrimônios da humanidade.

Na mesma linha de diretor monumento que podia ter feito mais filmes, voltei a arriscar umas linhas sobre François Truffaut, a pedido do amigo Antonio Nahud Júnior. O resultado pode ser visto em O Falcão Maltês,
fenômeno recente pela jovialidade do endereço, mas esperado pela capacidade de seu responsável.

A tarefa foi complicada porque de um lado tinha um dos diretores e um dos filmes preferidos, e do outro um jornalista e escritor (além de amigo) cuja sensibilidade e trajetória fascinam. A pressão fez o texto sair após dias de indecisão. Não à toa parei, pelo menos por ora, de escrever semanalmente sobre filmes. Ainda assim, veia cinéfila tem andado com pouco tempo para cinema e discussões sobre outras coisas que não as minhas, o que não me agrada.

Mas, antes que a mesma veia se junte à minha sempre embriagada memória, friso que oficializamos montagem, com Igor Caiê Amaral, e maquiagem, com Luzmar Cunhantã. Os dois bem referenciados e com postura bacana desde primeiras sondagens. Sempre bom. Temos também um novo parceiro, mas ele merece uma postagem à parte. Em breve.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Som, platô e a diminiuição da memória

Foto: David Campbell

Ontem, confirmamos fortalecimento de parceria com o Gato Xadrez. No quesito da equipe, já temos um platô. Entre outras coisas, ele foi o primeiro assistente da função em A Última Estação, de Márcio Curi, longa que, se já não foi, está prestes a ser finalizado. Quem oficializamos como novo membro do time é Alê Bulhões. Só que esta não é a única novidade.

Ela foi bem referenciada por Amadeu Alban, da Santo Forte, com quem trabalhei e quem me apresentou ninguém menos que David Campbell. Com transparente vontade de fazer, nossa responsável por som direto é Ana Luiza Penna. Se for tão boa quanto nosso fotógrafo, preocupação não será humana.

Em conversa com Roberto Cotta, ele me disse que já tem o corte final de O Maldito Ladrão de Memórias. ("Já tem" é ótimo, afinal de contas, lá se vai um ano desde o primeiro corte.) Dos 30 minutos iniciais e disponíveis aqui, sobraram 18. Embora ele saiba o quanto admirava trabalho, e não à toa o convidei para ser meu assistente, também tinha conhecimento de algumas restrições. Com diminuição, e depois de muito conversarmos sobre, babo para ver resultado final.

Ps: Falta pouco tempo. Por isso, vemos parte da vizinhança, quem esperamos tratar bem, e de quem esperamos cordialidade. O "muito obrigado" vem desde já.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Um filme de gênero

Este post não é para ser levado a sério. Digo isto, entre outros motivos, porque próximos textos tendem a ser sobre simpatizantes (coisas têm andado) e não quero tanto o mais do mesmo. Logicamente, é bom frisar, quanto mais parceiros melhor. Por outro lado, quanto maior a variedade de conteúdo do blog, mais agradável (ou menos previsível) ele tende a ficar. Divagação feita, ratifico: este post não é para ser levado a sério. Se quiser, prossiga por sua própria conta e risco.

Tudo começou com uma vírgula esquecida. No
Facebook, amigo queria perguntar se, ultimamente, eu tinha visto bons filmes ou se só estava fazendo bons filmes. Ele conhece o roteiro, embora eu não saiba se resposta positiva é por crença no material ou por hipotético medo de machucar um chegado. Seja como for, embora uma boa crítica seja sempre bem-vinda, qualquer das duas razões é bacana. Mas o assunto não é esse.

Dentro de um determinado grupo de amigos, chamamos o outro de sacana. E, na pergunta do referido, ele lançou o vocativo sem a pausa. “(…) ou só tem feito bons filmes sacana?” foi como ficou a questão. Amiga atenta desconfiou que eu estava fazendo filme pornô. Maldito sacana. Após revelação, contei a ela o argumento na íntegra do que estamos prestes a filmar.

Nunca mais vou filmar conta a história de um homem que reencontra uma mulher. Com poucos minutos, ela tem uma crise de ciúmes e o mata. No entanto, se arrepende e, cheia de tesão, sai dando loucamente – mas loucamente mesmo. Temos sexo a dois, a três e a quatro, com vivos e com mortos. No fim, enojado, o cinegrafista diz: 'nunca mais vou filmar, baralho! nunca mais vou filmar baralho!'. Na sequência, ele solta a câmera e entra para a orgia. Sobem os créditos”.

Logo acima, Jamie Lee Curtis no maravilhoso
Halloween (1978), de John Carpenter, referência para quase todo filme do gênero. Isto é sério.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Parceiro (para o) final

Nosso mais novo parceiro nasceu em 1981. Quando Glauber Rocha nos dava adeus, quando Fassbinder lançava Lola, filme tão monumental quanto a atuação de Barbara Sukowa.

Verdade que 1981 também foi o ano de nascimento de Paris Hilton e Britney Spears, mas – infelizmente – nenhuma das duas está no projeto. Ainda.


Parêntese e introdução feitas, graças à competência de Cavalcanti (espero que esse rapaz esteja livre quando e se eu voltar a filmar), é com satisfação que confirmamos parceria para finalizar o áudio.

Com quase três décadas de mercado, e com o apoio dado por Lucas Garay, já sabemos onde acontece a última etapa. Depois de montado,
Nunca mais vou filmar viajará três mil quilômetros. O destino é Porto Alegre, Estúdio Jinga.

Com logo ao lado, trabalho dos caras está à mostra.