segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O que importa

Roger era cineasta e estava em início de relacionamento com Annette. Ao ver os dois juntos, um outro diretor perguntou a ela se participaria do próximo filme do parceiro. A resposta foi um convincente “não quero trabalhar no cinema”. Mas quem perguntava era ninguém menos que Orson Welles, cuja réplica combinou sensatez e paixão. “Um dia, você descobrirá que a vida é verdadeiramente um cinema e o que cinema é uma forma excelente de voltar para a vida”.

No sábado, graças também a auxílio de professor Israel, tivemos encontro positivo com Lucas e Bruna, com trechos de filmes, discussões em cima de roteiro e – merecemos – um pouco de diversão. No domingo, e eis aqui o porquê do texto, li o trecho acima ainda pela manhã e, com o sábado em mente, momento pouco feliz (não me pergunte o porquê) foi embora.

Embora seus filmes não sejam influência direta para Nunca mais vou filmar (se é que é possível não serem), Orson Welles costumava ter razão quando falava de cinema. E, nesse caso, me faz ter outra certeza (se desvirtuo suas palavras, peço perdão). Eu não quero sair dessa vida: a forma é a única coisa que importa.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cena do crime

Foto: David Campbell

Apalavrado outro parceiro, marcado segundo encontro com atores.


Com palavras demais e imagens de menos nos últimos textos, publico outra foto de David Campbell.

Nela, vemos o local da cena do crime. Ou, mais especificamente, do início dele.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

De Fellini a Navarro

É sempre bom conhecer alguém que gosta de cinema. Alguém que se interessa pela história dele, mas não fecha os olhos para o bom contemporâneo. Alguém que, por exemplo, adora Fellini e Kleber Mendonça Filho.

Para melhorar esse alguém, só se ele estiver na equipe de
Nunca mais vou filmar. E está.

Ela tem experiência ao lado de gente do naipe de Póla Ribeiro e Edgard Navarro. Simpática, cinéfila e competente, conheci pouco depois de minha mudança definitiva à terra. Reencontrei outras vezes, uma delas inclusive sob o efeito de mais álcool do que gostaria de admitir. (Eu, não ela.) Mas, ao que parece, sem ressaca colateral.

Com incontida alegria, digo que nossa nova parceira é Alê Pinheiro (e sua Comunika Press). Como todo o resto da equipe, está no projeto porque acredita nele. Ou porque me engana bem, vai saber. Seja como for, ela que fará nossa assessoria de comunicação.

Bem-vinda, querida.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mais três

Oficializamos hoje mais três parceiros.

O primeiro, os mais atentos já perceberam, é Tiago Cavalcanti, que divide produção executiva comigo. Com passagem até pelo
set de Wolverine Origens, quando morou na Nova Zelândia, ele é o bem referenciado por Guiu (e vice-versa) de quem falei em outro post. Tem relação sanguínea com quem tenho afetiva (valeu, Poncius), assim como aquela sempre bem-vinda vontade de fazer. E, o que é imprescindível, sabe das coisas.

Outra amiga é a Panetutti. Coisa boa é saber o que se quer e o que se pode dar (além de ter um tio bacana). Em menos de 15 minutos, parceria fechada.

A terceira e última companheira, embora seja a última apenas do dia, é a
Tree Rock. Jovem produtora que assinou O Maldito Ladrão de Memórias (Roberto, seu DVD está longe, me corrija se estiver errado), tem como um dos fundadores Thiago Ferreira. Sim, o monstro dos instrumentos de corda (que, inclusive, ainda não me disse qual logomarca usar).

Passo noite e madrugada em clipe com David, mas ainda nesta sexta, como um zumbi de Romero, continua a busca por fechamento de detalhes finais. Ideia é passar dezembro inteiro apenas em concentração para filmagens. Acho que dá.

Ps: A inauguração da Livraria Cultura, no Salvador Shopping, foi de animar qualquer pessoa daqui. O lugar é grande o suficiente para você desconfiar que ali não é um ambiente cultural. Mas é. Temos até um teatro com 204 lugares, o terceiro do país - os outros eram em São Paulo e Brasília. A cidade, assim como todos que gostam de cultura, acordou mais feliz.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Além da música

O ano era 2008, finalzinho de maio. Tinha pouco mais de uma semana para entregar Do Goleiro ao Ponta-esquerda (2008), projeto de conclusão de curso. Estava próximo do corte final, mas a música da abertura tinha dois problemas. E duas avaliações possíveis: sim ou não.

“Tivemos as dicussões por efeitos na pedaleira, o que resultou em som que queremos e buscamos. Depois de sete faixas de guitarra gravadas, só uma palhetada ‘falhou’. Dá para ver a ideia de linkar notas com caracteres. O fato de termos mais nomes do que notas não nos impede de ler as informações, que é o que importa. Para completar, o tempo é curto”, é uma.

“Não podemos, depois de tanto investimento em músicas, filmes, encontros e tempo, fazer algo que sabemos onde pode ser melhorado. Mesmo depois de gravar sete faixas, podemos não apenas regravar a palhetada, como estender a abertura. Com isso, corrigimos um erro, harmonizamos o encaixe, e o resultado fica mais fluido. Vamos gravar de novo?!”, é outra.

Era o meu primeiro trabalho como diretor, era o seu primeiro trabalho em trilha sonora. Mas, além de uma certa combinação entre intimidade e afinidade musical, quando percebi que concordávamos no “vamos gravar de novo?!”, vi prazer, vi alma; tive a certeza de que queria voltar a trabalhar com aquele rapaz.

O porém é que, com a ida de
O Maldito Ladrão de Memórias (2009) a Cannes, o aumento em progressão geométrica da quantidade de trilhas sonoras por semestre, e a proximidade de sua formatura, o tempo do rapaz diminuiu. Quando conversamos pessoalmente, em outubro, ele não podia confirmar. Ao fazer convite oficial, com datas previstas, me preparei para o “não”. Felizmente, “ele” não veio.

Hoje, oficializo a parceria com esse monstro dos instrumentos de corda, com esse monstro da criação com instrumentos de corda: Thiago Ferreira.
"Welcome aboard, Denny".

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Jogadores de cinema

Após primeira reunião com atores escolhidos depois da definição dos papéis, faço uma analogia com futebol. Mais precisamente, com técnicos.

Ele já foi chamado de excessivamente dominador, mal educado, polêmico, arrogante e antipático, além de outras amenidades que não lembro ou não li. Mas ele também é um estudioso, obstinado, e louco pelo que faz. Capaz não apenas de ir bem com a melhor mão-de-obra possível, mas também de conquistar a Europa e o Mundo com um material meia-boca. Hoje no comando do Real Madrid, com só 10 anos de carreira e ainda na casa dos 40, tem um currículo inacreditável para alguém de sua idade.

O nome dele é José Mourinho. Embora eu não saiba até que ponto acredito nessas coisas, é aquariano. E também nasceu em um 26 de janeiro.

A maioria esmagadora dos jogadores com quem ele trabalhou, quando não o venera, tem um carinho especial por ele, e um dos segredos de tanto sucesso, tenho certeza, está em frase que disse antes de chegar a Madrid. “Sempre disse que meus jogadores são os melhores do mundo. Fiz isso quando estava em um clube pequeno como o Porto, quando estava no Chelsea. Agora, os melhores são os jogadores da Inter”.

A ideia é simples, pôr em prática nem tanto. O que ele consegue, e que não tem manual que explique ou ensine, é acreditar e fazer os outros acreditarem. Exatamente como os bons filmes fazem com a gente.

Poderia enumerar os porquês que me levam à convicção de que tenho um Téo e uma Sara cujos potenciais parecem só aumentar - e cada gesto, cada obra do acaso (ou seria do talento deles?), comprova ideia. Se eles ainda não perceberam isso, é meu papel convencê-los. Para isso, talvez passe a impressão de ser excessivamente dominador, arrogante e antipático. Mas é porque sei que os dois se mostram, a cada movimento, os melhores jogadores que poderia escolher para comandar.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Novo parceiro

Uma agradável e proveitosa conversa já era testemunha, mas hoje oficializamos outro parceiro para Nunca mais vou filmar. Já estampamos, como podem conferir ao lado, a logo da Abajur Filmes.

O
site dela encontra-se em fase de pós-produção, mas será finalizado em breve. A estreia mundial está prevista para semana que vem.

O abraço por parceria vai para Guiu Stangl, que se mostrou solícita mesmo sem referência alguma do projeto, e que traz o tipo de energia que faz bem a qualquer produção. De quebra, ainda conhece outro "simpatizante" do projeto, mas isto é assunto de outra postagem.

Até o final da semana, encontro com atores, novas reuniões, mais busca. Até fevereiro, tempo é luxo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sara e Téo

"Agora eu entendo porque você ficou naquela angústia para escolher o elenco", me disse Roberto, logo após contato com imagens do primeiro teste, realizado no dia 6 de outubro. Com o segundo, duas semanas depois, opções e dúvidas aumentaram. Pedi ajuda ao tempo, ouvi instinto de quem nada sabia.

Se por um lado escolha foi difícil e cruel, por outro não tenho dúvidas de que foi acertada. Contamos com duas pessoas que, em pouco tempo de roteiro e tela, tornaram personagens mais interessantes que quando escritos. Agora, Sara e Téo são apenas um. Brunas Scavuzzi Lucas Lacerda, Lucas Lacerda Bruna Scavuzzi; você escolhe a ordem.