domingo, 31 de outubro de 2010

Still (e reuniões)

Primeiro, boas novas para Nunca mais vou filmar. São mais duas, talvez três reuniões para a semana, podada por feriadão. Caso tudo ande como esperado e consigamos as respostas que queremos, mostraremos teste devidamente montado, e com momentos de brilhantismo trazido por atores.

Notícia à parte, peço licença ao curta para sugerir coisa fina aos cinéfilos. O amigo Carlos Roberto Araujo, colega dos tempos de infância e hoje em Londres, enfim transformou sua afeição pelo cinema e pela escrita em blog: http://nocantodatela.wordpress.com/.

Em conversa com ele sobre a maravilha que é
Na Cidade de Sylvia, de José Luis Guerín, falamos sobre, além da monumental Pilar López de Ayala, meu still preferido do filme. Este que ilustra a postagem. Sem nunca cansar de revê-lo, digo: isto É um still. Aprenderam?

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Atores e atrizes

Graças a Lica, e ao sempre traiçoeiro Vegas, teste está montado. Temos ideias e opiniões sobre ator e atriz, mas todas elas são influenciadas pelo que vimos além da tela. Diferente da visão de Roberto, a quem não conto nenhuma impressão até conhecer as dele, baseadas apenas no que é projetado, que é o que importa.

Por outro lado, não saberia dirigir quem não gosto. Com toda a inocência de quem vai para a primeira ficção, penso que ser cinéfilo e fazer um filme deve ser melhor que qualquer outro trabalho. Caso não simpatize com o ator ou atriz, caso não consiga me sentir bem no mesmo ambiente, prefiro ficar em casa. Sem prazer, de nada adiantaria
Mélanie Laurent, Louis Garrel, Paulo José, Meryl Streep, Johnny Depp ou Marlon Brando. (Tá, Marlon Brando não conta.)

Passado o teste, acho que não teria grandes problemas com ninguém. Mas no pouco tempo que tivemos, e isso inclui também sensações passadas por telefone e e-mails, é natural que eu tenha uma simpatia maior por algumas pessoas, aquelas com as quais me visualizo mais à vontade. Seja para repetir uma cena, seja para fazer uma piada cretina e mudar o clima na gravação
.

De amanhã até quarta-feira (3), ansiedade do celular chega ao fim. Pelo menos essa.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Montagem de teste

52GB, 12 DVD's, quase três horas de imagens com definição o suficiente para quase travar o computador. Especialmente se o seu for como o meu.

Tentei montar no domingo à noite com Rafael Sodré, mas apocalipse deu as caras. Como de costume, ele (Rafael, não o apocalipse) queria fazer outra sequência, quase outro filme. Uma das coisas ótimas de nossa convivência é que quase nunca concordamos, mas dessa vez a verdade é que, como trabalha 26 horas por dia, sequer tinha pensado em mandar roteiro para ele, perdido em meio ao que eu queria passar. Mas está tudo sob controle: material bruto enviado a Roberto, parte do teste decupado, restante em andamento. Em breve teremos cenas montadas.

Não posso falar por atores e atrizes, mas ansiedade de confirmação de minha parte é grande. O que pode significar que, com elenco definido, a princípio, a dor de cabeça está perto do fim. Ou seria apenas o começo? Não sei. Mas, se for o segundo caso, pode vir, querida.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Parceria

Oficializamos hoje o primeiro parceiro de Nunca mais vou filmar. Trata-se do Gato Xadrez - pizzeria gourmet. Alguém que apóia cultura sem interferir na liberdade artística e que, também por isso, nos dá orgulho de estampar a logomarca deles.

Com relação ao teste de ontem, mesmo no que no melhor dos sentidos, mais dor de cabeça. Só que não posso reclamar dela, de quem fui atrás porque quis. Como diria Truffaut, o diretor é aquele que não tem o direito de se queixar.

Mas se não posso me queixar, tenho que elogiar os dois que mais ajudaram nesse período. As primeiras pessoas para quem liguei quando confirmamos parceria. Aquelas que mais têm tido disponibilidade e paciência nesse período: Lica (Ornelas) e David (Campbell).

Ela sempre lá, mesmo quando o tédio de ontem (sozinha fora da sala em boa parte do tempo) só foi combatido por Saulo (Nery). E que me lançou um "e aí?", ansiosa por resposta reveladora do teste, e que até agora ouve reticências. Já o rapaz imponente até no nome, para não falar das mãos mágicas, tem ouvido abençoado. Assim como o do ator. "Nem tanta cara de ódio. Mas ela tá bacana. Faça essa cara de ódio. Só que sem ódio".

Que seja apenas o começo. Tanto das orientações precisas, como dos mecenas. Tudo para que o filme, diferente do diretor no específico momento nada objetivo, funcione.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Profissionalismo

Still: O Maldito Ladrão de Memórias (Brasil 2009), de Roberto Cotta

Não sei quando, nem se um dia, trabalharei em ambiente tão agradável e com tanto prazer. (Tá certo que nem sei se volto a dirigir, mas pulemos essa parte.) O que falta de certeza de retorno, sobra de disposição, empatia e profissionalismo.

Para quem não sabe, Roberto Cotta, o assistente de direção, mora em Belo Horizonte, onde faz mestrado em Cinema na UFMG. Embora só possa vir para Salvador para ensaios e gravações, entre telefone e e-mails, contato é quase diário. Por vários motivos, alguns óbvios, quase tudo que falamos é impublicável. Essa sensação, no entanto, preciso compartilhar.

Lá se vão três ou quatro visitas, mas até agora não me canso de ler o que ele escreveu com sua percepção do teste. Transpus para o Word, são cinco páginas. Cinco páginas de texto corrido, com observações detalhadas e preciosas sobre emparelhamento, atuação solo e "momento divã". E com um humor sempre bem vindo.

Impossível medir contribuição.
Queria ligar para o sacana, mas a bateria do celular dele deu peripaque. Conserte logo.

Ps: Aqui você pode assistir a O Maldito Ladrão de Memórias, curta de monsieur Cotta exibido este ano na mostra Short Film Corner do Festival de Cannes
.

sábado, 16 de outubro de 2010

Confirmação

Foto: David Campbell

Batido o martelo para o segundo teste de elenco, o contato com atores e atrizes já foi feito. Agora é esperar retorno (daqueles de quem ainda não tivemos) e ver até que ponto investiremos mais em opções ou tempo. Sinceramente, prefiro o segundo.

Direto de BH, já temos novidades de Roberto Cotta. Em outra coisa boa, amiga se ofereceu para fazer o still. Mesmo que tenhamos nome para função, é bacana ver o interesse e a camaradagem de gente assim. Alguns já sabem, mas nunca é demais lembrar: por uma questão de liberdade artística, confirmamos a recisão de contrato com Warner e Fox.

No decorrer da semana, no entanto, temos reunião com possível parceira. Do mesmo nível, só que sem tirar nossa autonomia. Espero não apenas que ela seja proveitosa, como também que não seja a única. Como diz perfil no Orkut, "não vai esperar edital, começa a filmar em breve. Aceita mecenas para todas as etapas".

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Leitura coletiva

Foto: David Campbell

A partir de amanhã, a qualquer momento confirmamos local e data do segundo (e último) teste de elenco.

Hoje, é inevitável controlar hesitação e ansiedade, alguns dos ingredientes que me fazem funcionar. Temos bons nomes, podemos ter melhores, podemos não tê-los. É difícil não soltar "até o próximo teste, e talvez mesmo até depois dele, é você que quero para o papel."

Mas ainda falta, além de algo que só a distância e o tempo podem dar, a opinião de Roberto (o Cotta). Admito que é difícil chamar de assistente alguém que, além de colega, teve seu filme selecionado para Cannes.
Por outro lado, e também por isso, ouvi-lo é não só importante como prazeroso.

Enquanto isso, serenidade e impaciência convivem bem. Por ora, até lêem juntas.

sábado, 9 de outubro de 2010

Poesia cruel*

* O texto a seguir foi publicado no 7 cronistas crônicos, com reação e sensações causadas pelo teste da quarta-feira (6).

Escrever é fácil. Você escolhe, apaga, substitui, você assassina palavras sem dó e sem ser punido. Ninguém fica triste, nem você nem elas. Mesmo maravilhas como
batráquio, estrambólico, somítico (descobri como sinônimo de avarento), todas vivem felizes; citadas aqui ou não, podadas ou mantidas pelo editor. O mesmo pode valer para pedaços de filme: a película em si, quando cortada, vira resto, o que importa é o resultado final. Só que aí entra uma crueldade que não costuma se contar.

Em filmes com orçamentos generosos e procura farta, vídeos de
youtube e extras de DVD me disseram que os testes de elenco costumam ser rápidos. Em retrato do século XXI, sobra gente e falta tempo.

Mas não é assim com quem começa, até porque quem começa, tratando da regra, não tem dinheiro. Sem ele, as coisas só funcionam à base de afinidade e camaradagem, e não é fácil ser um profissional em semelhante início e topar algo por igual (falta de) garantia de retorno.

A publicidade e o número de interessados, entre atores e atrizes, são bem menores. É preciso não apenas um cada vez mais raro grau de desprendimento, mas também razoáveis doses de desejo, empatia e identificação.

Nesse caso específico da audição, o romantismo beirou a poesia. Mas se a poesia nos remete à arte e ao que é belo, quando se fala em meio, ela se liga, primeiramente, à escrita. E no teste não há espaço para a escrita.

Tudo vira imagem. Mas tudo também é orgânico. Não há sinônimos, não há equivalentes.

O que existe, ou existiu ali, foi um ambiente entre colegas; alguns amigos, outros que ficaram. Todos parceiros em atividades irmãs ou complementares.
Deu vontade de escrever, se não outro roteiro, pelo menos mais dois ou três personagens. Eles e elas mereciam.

Ps: Muito obrigado, Edgard, pelas palavras que os manuais não dizem.