quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Revisão

Revi hoje todo o material.

Exceção feita ao último, quando preferi o desligamento imediato, fiz a mesma coisa após cada dia de filmagem. Ainda assim, só agora percebi certos detalhes, e às vezes apenas em uma segunda visita ao mesmo take. Embora nem todos eles sejam exatamente agradáveis (e também por isso existe a montagem), alguns me deixaram com uma nada discreto sorriso.

Ontem, após pausa natalina, reencontrei Tiago em momento de produção executiva (são menos penosos do que imaginava que fossem). Durante ele, e logicamente depois, veio visualização de cartazes e discussão sobre referências, atividade que - devo admitir - faço satisfeito. Especialmente com stills que peguei hoje Diego (Teschi), o responsável pela função.

Uma semana depois de filmagem, ainda que já me programe para ter overdoses do Téo e da Sara que escolhi (ou seja, estou pronto para pesadelos com Lucas e Bruna), lembrança da equipe é bacana. Como último texto de 2011, acho justo escolher foto que reúne maior parte do time.

Ps: Não lembro autor da foto, só sei que não foi de Diego porque ele está ali, no canto direito. Em breve, com todo material obtido hoje, prometo imagens feitas pelo rapaz. Por "em breve", entenda 2011. Agradeço pela compreensão.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O último fim

Foto: Saulo Nery

Quando Ana Luiza falou em como filmagens tendem a ser sempre imprevisíveis, já passávamos meia-hora do término das gravações. Final digerido, cravei, com alguma ênfase, que tinha feito qualquer coisa, menos o filme que planejei fazer. O tom foi irônico, sem intenção de ser levado a sério, mas havia ali - mesmo que bem discreta - alguma dose de verdade. Só que isso não é necessariamente ruim.

Em meio a fatalidade, chuva e problemas com equipamento, gravamos só 20% dos planos no primeiro dia, o que resultou em cabalísticos 6,66GB. Roteiro técnico teve de ser refeito, sendo que no último dia combinamos de gravar por duas horas a mais como tentativa de compensação. As duas se transformaram em uma e, após pausa para almoço, praticamente tudo virou take de cobertura a ser decidido na hora. Nenhum plano foi gravado mais de cinco vezes, e repetição deles, quando havia, não foi ditada por análise de combinação entre som (que não ouvia), imagem (que pouco via, quando via) e atuação de elenco (que geralmente não poderia julgar àquela distância), mas sim pelo tempo, no sentido da luz e do cronômetro. O perfeccionismo, na prática, se transformou no ter que decidir entre uma boa cena, uma boa atuação, ou um filme.

Em conversa com Bruna, minutos depois de filmagem, disse que, em setembro do ano passado, quando comecei a escrever roteiro, estava no início de um relacionamento perfeito. Como tal, o futuro era idealizado pela imaginação, único lugar onde a continuidade dele existia. Passado mais de um ano, romantismo foi pragmatizado, discussões fortaleceram e desgastaram relação, marcante e próxima do caminho sem volta. Ontem acabamos, mas voltamos em janeiro, os dois sabem disso, pela última vez.

Após ela, sobem os créditos da relação, e fruto dela passa a não ser nosso. Espero que resultado me agrade, obviamente, mas também que ele agrade aqueles que acreditaram em projeto.

Agora, o filme e eu precisamos da mesma coisa: descanso e distância um do outro. Um natal bacana a todos, especialmente àqueles que deram sua contribuição para a feitura de
Nunca mais vou filmar.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O dia

Primeiro a entrar no projeto, David me lembrou falta de memória de nós dois com relação à +1 Filmes, de quem só esperamos a logo para divulgá-la.

Ontem recebi mensagem no Orkut de Antonio Nahud Júnior, que falava em surpresa para mim no blog dele. Ao entrar, li que O Falcão Maltês era premiado, o que não é nada inesperado, pois o blog é um monumento. A surpresa veio depois.

Uma das condições do
Prêmio Dardos, a honraria recebida por Antonio, é o premiado indicar outros blogs que reconhece como fonte de conhecimento e aprendizado cultural. E os três escolhidos por Nahud foram o Tela Prateada, de Daniele Moura, o Setaro's Blog, de André Setaro, e O Homem Sem Nome, moribundo blog deste rapaz aqui.

Como se não bastasse o orgulho de ser indicado por Antonio e de estar ao lado de Setaro, o dia chegou e amanheceu lindo. Que continue assim para todo sempre, amém.

Atualização às 20h28min: A chuva apareceu, negocio um sol para amanhã e depois.

Ps1: Lucas, em nome da equipe, desejo melhoras e o melhor para você.

Ps2: Na foto, A Noite Americana (1973), de Truffaut. A nossa já começou na véspera.

sábado, 18 de dezembro de 2010

A crença no meio

Foto: Saulo Nery

Após a última tomada de ontem, depois do “acabou” proferido a equipe, Nunca mais vou filmar avançou outro passo rumo ao fim de sua parte mais difícil? Ou o último ensaio, a apropriação do espaço pelo roteiro (ou seria o contrário?), marca apenas o início de problemas?

Tendo sempre a achar que a pior parte está por vir. Pode parecer ruim, só que é a pressão quem melhor mantém meu foco. Às vezes é cruel, porque nunca me desligo, mas prejudicada é a pessoa, não o diretor.

Não à toa posso frisar, como fiz depois da gravação, que temos material para um filme. Não apenas um filme, aliás, como um bastante semelhante ao último tratamento do roteiro.

Para completar ideia de dever cumprido, o fim de ontem foi dado após o esgotamento de ideias, e não de tempo.

Se o filme de hoje seria bom, ou se o final será, aí é uma outra questão.

Enquanto não temos essa resposta, agradeço ao Gato Xadrez e a Juliana Rosa por serem os anfitriões do bando, uma das poucas coisas em que acredito. A Ana Luiza, Bruna, Bulhões, David, Guiu, Lica, Lucas, Luzmar, Roberto, Saulo e Tiago; muito obrigado.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O último filme

Dei uma missão a David: conseguir, ou pelo menos tentar, o máximo possível para filmagem ok. O rapaz tem se virado e, em meio ao processo, vale frisar ajuda de Jeronimo Soffer.

Audiovisual à parte, nossa mais nova parceira vem através de Daniel Magno. O link para site da Maxxima já está ao lado.

De volta ao cinema, na segunda-feira, pela manutenção da sanidade, fui a ele pela última vez até início de ensaios. Logicamente, o filme a ser escolhido deveria trazer uma dose de inspiração, se possível ter temática semelhante com
Nunca mais vou filmar. Não pensei duas vezes: Wes Craven e A Sétima Alma (2010).

Após (para falar dos que vi) no mínimo ótimas diversões como
A Hora do Pesadelo (1984), Pânico (1996) e Aniversário Macabro (1972), aqui ele mistura momentos de pura inspiração (mérito também de roteiro) com o piloto automático. Ainda assim, é sempre bom ver gente como Craven filmando um gênero tão judiado e cinematográfico como é o de terror.

Falando nele (no terror, não no cineasta), que distância para nós seja grande. Nesse momento, pelo menos aqui, acabou de parar de chover. Que continue assim.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ressaca de dilúvio

Ontem Salvador sofreu uma tentativa de homicídio por parte de São Pedro. Lógico que ele não obteve sucesso, caso contrário o prédio torto onde moro seria um dos primeiros a entrar na onda. Ainda assim, defendo que ele (São Pedro, não o prédio) faça o mesmo hoje e todos os dias até o início dos ensaios. Desde que o assassinato não se consume, obviamente, o importante é esgotar o estoque de água para dezembro.

Antes do projeto de dilúvio, que nos lembrou mais maio que dezembro, estive com
Lucas e Bruna para última discussão de roteiro, já assinado a seis mãos. Não menos válido foi encontro referente a figurino, sobre o que falaremos em breve. O assunto de hoje é o que pincelei no último texto.

A namorada de amigo, no caso do fotógrafo, fez o primeiro contato. A expectativa era de semanas de espera, mas o exagero pensava em meses. Ele é muito ocupado, especialmente em fim de ano.

Coisa de 10 dias depois, no entanto, tivemos retorno. Sabe-se lá como, ele arranjou tempo, leu e gostou. O resto é uma continuidade de encontros, detalhes felizes e muita boa vontade.

O
Coesão, via Israel Mendonça, professor de redação, dramaturgo e gente da melhor espécie, é o nosso mais novo parceiro.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Novidades de natal

Para muitos, hoje é natal. Afinal de contas, há exatos 81 anos nascia John Cassavetes. Partiu antes do ideal, mas seu ideal, como aconteceu com sua obra, seria a eternidade. Embora nunca tenha visto Sombras (1959), pelo menos Noite de Estreia (1977) - foto - e Faces (1968) deveriam ser tombados como patrimônios da humanidade.

Na mesma linha de diretor monumento que podia ter feito mais filmes, voltei a arriscar umas linhas sobre François Truffaut, a pedido do amigo Antonio Nahud Júnior. O resultado pode ser visto em O Falcão Maltês,
fenômeno recente pela jovialidade do endereço, mas esperado pela capacidade de seu responsável.

A tarefa foi complicada porque de um lado tinha um dos diretores e um dos filmes preferidos, e do outro um jornalista e escritor (além de amigo) cuja sensibilidade e trajetória fascinam. A pressão fez o texto sair após dias de indecisão. Não à toa parei, pelo menos por ora, de escrever semanalmente sobre filmes. Ainda assim, veia cinéfila tem andado com pouco tempo para cinema e discussões sobre outras coisas que não as minhas, o que não me agrada.

Mas, antes que a mesma veia se junte à minha sempre embriagada memória, friso que oficializamos montagem, com Igor Caiê Amaral, e maquiagem, com Luzmar Cunhantã. Os dois bem referenciados e com postura bacana desde primeiras sondagens. Sempre bom. Temos também um novo parceiro, mas ele merece uma postagem à parte. Em breve.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Som, platô e a diminiuição da memória

Foto: David Campbell

Ontem, confirmamos fortalecimento de parceria com o Gato Xadrez. No quesito da equipe, já temos um platô. Entre outras coisas, ele foi o primeiro assistente da função em A Última Estação, de Márcio Curi, longa que, se já não foi, está prestes a ser finalizado. Quem oficializamos como novo membro do time é Alê Bulhões. Só que esta não é a única novidade.

Ela foi bem referenciada por Amadeu Alban, da Santo Forte, com quem trabalhei e quem me apresentou ninguém menos que David Campbell. Com transparente vontade de fazer, nossa responsável por som direto é Ana Luiza Penna. Se for tão boa quanto nosso fotógrafo, preocupação não será humana.

Em conversa com Roberto Cotta, ele me disse que já tem o corte final de O Maldito Ladrão de Memórias. ("Já tem" é ótimo, afinal de contas, lá se vai um ano desde o primeiro corte.) Dos 30 minutos iniciais e disponíveis aqui, sobraram 18. Embora ele saiba o quanto admirava trabalho, e não à toa o convidei para ser meu assistente, também tinha conhecimento de algumas restrições. Com diminuição, e depois de muito conversarmos sobre, babo para ver resultado final.

Ps: Falta pouco tempo. Por isso, vemos parte da vizinhança, quem esperamos tratar bem, e de quem esperamos cordialidade. O "muito obrigado" vem desde já.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Um filme de gênero

Este post não é para ser levado a sério. Digo isto, entre outros motivos, porque próximos textos tendem a ser sobre simpatizantes (coisas têm andado) e não quero tanto o mais do mesmo. Logicamente, é bom frisar, quanto mais parceiros melhor. Por outro lado, quanto maior a variedade de conteúdo do blog, mais agradável (ou menos previsível) ele tende a ficar. Divagação feita, ratifico: este post não é para ser levado a sério. Se quiser, prossiga por sua própria conta e risco.

Tudo começou com uma vírgula esquecida. No
Facebook, amigo queria perguntar se, ultimamente, eu tinha visto bons filmes ou se só estava fazendo bons filmes. Ele conhece o roteiro, embora eu não saiba se resposta positiva é por crença no material ou por hipotético medo de machucar um chegado. Seja como for, embora uma boa crítica seja sempre bem-vinda, qualquer das duas razões é bacana. Mas o assunto não é esse.

Dentro de um determinado grupo de amigos, chamamos o outro de sacana. E, na pergunta do referido, ele lançou o vocativo sem a pausa. “(…) ou só tem feito bons filmes sacana?” foi como ficou a questão. Amiga atenta desconfiou que eu estava fazendo filme pornô. Maldito sacana. Após revelação, contei a ela o argumento na íntegra do que estamos prestes a filmar.

Nunca mais vou filmar conta a história de um homem que reencontra uma mulher. Com poucos minutos, ela tem uma crise de ciúmes e o mata. No entanto, se arrepende e, cheia de tesão, sai dando loucamente – mas loucamente mesmo. Temos sexo a dois, a três e a quatro, com vivos e com mortos. No fim, enojado, o cinegrafista diz: 'nunca mais vou filmar, baralho! nunca mais vou filmar baralho!'. Na sequência, ele solta a câmera e entra para a orgia. Sobem os créditos”.

Logo acima, Jamie Lee Curtis no maravilhoso
Halloween (1978), de John Carpenter, referência para quase todo filme do gênero. Isto é sério.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Parceiro (para o) final

Nosso mais novo parceiro nasceu em 1981. Quando Glauber Rocha nos dava adeus, quando Fassbinder lançava Lola, filme tão monumental quanto a atuação de Barbara Sukowa.

Verdade que 1981 também foi o ano de nascimento de Paris Hilton e Britney Spears, mas – infelizmente – nenhuma das duas está no projeto. Ainda.


Parêntese e introdução feitas, graças à competência de Cavalcanti (espero que esse rapaz esteja livre quando e se eu voltar a filmar), é com satisfação que confirmamos parceria para finalizar o áudio.

Com quase três décadas de mercado, e com o apoio dado por Lucas Garay, já sabemos onde acontece a última etapa. Depois de montado,
Nunca mais vou filmar viajará três mil quilômetros. O destino é Porto Alegre, Estúdio Jinga.

Com logo ao lado, trabalho dos caras está à mostra.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O que importa

Roger era cineasta e estava em início de relacionamento com Annette. Ao ver os dois juntos, um outro diretor perguntou a ela se participaria do próximo filme do parceiro. A resposta foi um convincente “não quero trabalhar no cinema”. Mas quem perguntava era ninguém menos que Orson Welles, cuja réplica combinou sensatez e paixão. “Um dia, você descobrirá que a vida é verdadeiramente um cinema e o que cinema é uma forma excelente de voltar para a vida”.

No sábado, graças também a auxílio de professor Israel, tivemos encontro positivo com Lucas e Bruna, com trechos de filmes, discussões em cima de roteiro e – merecemos – um pouco de diversão. No domingo, e eis aqui o porquê do texto, li o trecho acima ainda pela manhã e, com o sábado em mente, momento pouco feliz (não me pergunte o porquê) foi embora.

Embora seus filmes não sejam influência direta para Nunca mais vou filmar (se é que é possível não serem), Orson Welles costumava ter razão quando falava de cinema. E, nesse caso, me faz ter outra certeza (se desvirtuo suas palavras, peço perdão). Eu não quero sair dessa vida: a forma é a única coisa que importa.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cena do crime

Foto: David Campbell

Apalavrado outro parceiro, marcado segundo encontro com atores.


Com palavras demais e imagens de menos nos últimos textos, publico outra foto de David Campbell.

Nela, vemos o local da cena do crime. Ou, mais especificamente, do início dele.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

De Fellini a Navarro

É sempre bom conhecer alguém que gosta de cinema. Alguém que se interessa pela história dele, mas não fecha os olhos para o bom contemporâneo. Alguém que, por exemplo, adora Fellini e Kleber Mendonça Filho.

Para melhorar esse alguém, só se ele estiver na equipe de
Nunca mais vou filmar. E está.

Ela tem experiência ao lado de gente do naipe de Póla Ribeiro e Edgard Navarro. Simpática, cinéfila e competente, conheci pouco depois de minha mudança definitiva à terra. Reencontrei outras vezes, uma delas inclusive sob o efeito de mais álcool do que gostaria de admitir. (Eu, não ela.) Mas, ao que parece, sem ressaca colateral.

Com incontida alegria, digo que nossa nova parceira é Alê Pinheiro (e sua Comunika Press). Como todo o resto da equipe, está no projeto porque acredita nele. Ou porque me engana bem, vai saber. Seja como for, ela que fará nossa assessoria de comunicação.

Bem-vinda, querida.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mais três

Oficializamos hoje mais três parceiros.

O primeiro, os mais atentos já perceberam, é Tiago Cavalcanti, que divide produção executiva comigo. Com passagem até pelo
set de Wolverine Origens, quando morou na Nova Zelândia, ele é o bem referenciado por Guiu (e vice-versa) de quem falei em outro post. Tem relação sanguínea com quem tenho afetiva (valeu, Poncius), assim como aquela sempre bem-vinda vontade de fazer. E, o que é imprescindível, sabe das coisas.

Outra amiga é a Panetutti. Coisa boa é saber o que se quer e o que se pode dar (além de ter um tio bacana). Em menos de 15 minutos, parceria fechada.

A terceira e última companheira, embora seja a última apenas do dia, é a
Tree Rock. Jovem produtora que assinou O Maldito Ladrão de Memórias (Roberto, seu DVD está longe, me corrija se estiver errado), tem como um dos fundadores Thiago Ferreira. Sim, o monstro dos instrumentos de corda (que, inclusive, ainda não me disse qual logomarca usar).

Passo noite e madrugada em clipe com David, mas ainda nesta sexta, como um zumbi de Romero, continua a busca por fechamento de detalhes finais. Ideia é passar dezembro inteiro apenas em concentração para filmagens. Acho que dá.

Ps: A inauguração da Livraria Cultura, no Salvador Shopping, foi de animar qualquer pessoa daqui. O lugar é grande o suficiente para você desconfiar que ali não é um ambiente cultural. Mas é. Temos até um teatro com 204 lugares, o terceiro do país - os outros eram em São Paulo e Brasília. A cidade, assim como todos que gostam de cultura, acordou mais feliz.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Além da música

O ano era 2008, finalzinho de maio. Tinha pouco mais de uma semana para entregar Do Goleiro ao Ponta-esquerda (2008), projeto de conclusão de curso. Estava próximo do corte final, mas a música da abertura tinha dois problemas. E duas avaliações possíveis: sim ou não.

“Tivemos as dicussões por efeitos na pedaleira, o que resultou em som que queremos e buscamos. Depois de sete faixas de guitarra gravadas, só uma palhetada ‘falhou’. Dá para ver a ideia de linkar notas com caracteres. O fato de termos mais nomes do que notas não nos impede de ler as informações, que é o que importa. Para completar, o tempo é curto”, é uma.

“Não podemos, depois de tanto investimento em músicas, filmes, encontros e tempo, fazer algo que sabemos onde pode ser melhorado. Mesmo depois de gravar sete faixas, podemos não apenas regravar a palhetada, como estender a abertura. Com isso, corrigimos um erro, harmonizamos o encaixe, e o resultado fica mais fluido. Vamos gravar de novo?!”, é outra.

Era o meu primeiro trabalho como diretor, era o seu primeiro trabalho em trilha sonora. Mas, além de uma certa combinação entre intimidade e afinidade musical, quando percebi que concordávamos no “vamos gravar de novo?!”, vi prazer, vi alma; tive a certeza de que queria voltar a trabalhar com aquele rapaz.

O porém é que, com a ida de
O Maldito Ladrão de Memórias (2009) a Cannes, o aumento em progressão geométrica da quantidade de trilhas sonoras por semestre, e a proximidade de sua formatura, o tempo do rapaz diminuiu. Quando conversamos pessoalmente, em outubro, ele não podia confirmar. Ao fazer convite oficial, com datas previstas, me preparei para o “não”. Felizmente, “ele” não veio.

Hoje, oficializo a parceria com esse monstro dos instrumentos de corda, com esse monstro da criação com instrumentos de corda: Thiago Ferreira.
"Welcome aboard, Denny".

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Jogadores de cinema

Após primeira reunião com atores escolhidos depois da definição dos papéis, faço uma analogia com futebol. Mais precisamente, com técnicos.

Ele já foi chamado de excessivamente dominador, mal educado, polêmico, arrogante e antipático, além de outras amenidades que não lembro ou não li. Mas ele também é um estudioso, obstinado, e louco pelo que faz. Capaz não apenas de ir bem com a melhor mão-de-obra possível, mas também de conquistar a Europa e o Mundo com um material meia-boca. Hoje no comando do Real Madrid, com só 10 anos de carreira e ainda na casa dos 40, tem um currículo inacreditável para alguém de sua idade.

O nome dele é José Mourinho. Embora eu não saiba até que ponto acredito nessas coisas, é aquariano. E também nasceu em um 26 de janeiro.

A maioria esmagadora dos jogadores com quem ele trabalhou, quando não o venera, tem um carinho especial por ele, e um dos segredos de tanto sucesso, tenho certeza, está em frase que disse antes de chegar a Madrid. “Sempre disse que meus jogadores são os melhores do mundo. Fiz isso quando estava em um clube pequeno como o Porto, quando estava no Chelsea. Agora, os melhores são os jogadores da Inter”.

A ideia é simples, pôr em prática nem tanto. O que ele consegue, e que não tem manual que explique ou ensine, é acreditar e fazer os outros acreditarem. Exatamente como os bons filmes fazem com a gente.

Poderia enumerar os porquês que me levam à convicção de que tenho um Téo e uma Sara cujos potenciais parecem só aumentar - e cada gesto, cada obra do acaso (ou seria do talento deles?), comprova ideia. Se eles ainda não perceberam isso, é meu papel convencê-los. Para isso, talvez passe a impressão de ser excessivamente dominador, arrogante e antipático. Mas é porque sei que os dois se mostram, a cada movimento, os melhores jogadores que poderia escolher para comandar.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Novo parceiro

Uma agradável e proveitosa conversa já era testemunha, mas hoje oficializamos outro parceiro para Nunca mais vou filmar. Já estampamos, como podem conferir ao lado, a logo da Abajur Filmes.

O
site dela encontra-se em fase de pós-produção, mas será finalizado em breve. A estreia mundial está prevista para semana que vem.

O abraço por parceria vai para Guiu Stangl, que se mostrou solícita mesmo sem referência alguma do projeto, e que traz o tipo de energia que faz bem a qualquer produção. De quebra, ainda conhece outro "simpatizante" do projeto, mas isto é assunto de outra postagem.

Até o final da semana, encontro com atores, novas reuniões, mais busca. Até fevereiro, tempo é luxo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sara e Téo

"Agora eu entendo porque você ficou naquela angústia para escolher o elenco", me disse Roberto, logo após contato com imagens do primeiro teste, realizado no dia 6 de outubro. Com o segundo, duas semanas depois, opções e dúvidas aumentaram. Pedi ajuda ao tempo, ouvi instinto de quem nada sabia.

Se por um lado escolha foi difícil e cruel, por outro não tenho dúvidas de que foi acertada. Contamos com duas pessoas que, em pouco tempo de roteiro e tela, tornaram personagens mais interessantes que quando escritos. Agora, Sara e Téo são apenas um. Brunas Scavuzzi Lucas Lacerda, Lucas Lacerda Bruna Scavuzzi; você escolhe a ordem.








domingo, 31 de outubro de 2010

Still (e reuniões)

Primeiro, boas novas para Nunca mais vou filmar. São mais duas, talvez três reuniões para a semana, podada por feriadão. Caso tudo ande como esperado e consigamos as respostas que queremos, mostraremos teste devidamente montado, e com momentos de brilhantismo trazido por atores.

Notícia à parte, peço licença ao curta para sugerir coisa fina aos cinéfilos. O amigo Carlos Roberto Araujo, colega dos tempos de infância e hoje em Londres, enfim transformou sua afeição pelo cinema e pela escrita em blog: http://nocantodatela.wordpress.com/.

Em conversa com ele sobre a maravilha que é
Na Cidade de Sylvia, de José Luis Guerín, falamos sobre, além da monumental Pilar López de Ayala, meu still preferido do filme. Este que ilustra a postagem. Sem nunca cansar de revê-lo, digo: isto É um still. Aprenderam?

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Atores e atrizes

Graças a Lica, e ao sempre traiçoeiro Vegas, teste está montado. Temos ideias e opiniões sobre ator e atriz, mas todas elas são influenciadas pelo que vimos além da tela. Diferente da visão de Roberto, a quem não conto nenhuma impressão até conhecer as dele, baseadas apenas no que é projetado, que é o que importa.

Por outro lado, não saberia dirigir quem não gosto. Com toda a inocência de quem vai para a primeira ficção, penso que ser cinéfilo e fazer um filme deve ser melhor que qualquer outro trabalho. Caso não simpatize com o ator ou atriz, caso não consiga me sentir bem no mesmo ambiente, prefiro ficar em casa. Sem prazer, de nada adiantaria
Mélanie Laurent, Louis Garrel, Paulo José, Meryl Streep, Johnny Depp ou Marlon Brando. (Tá, Marlon Brando não conta.)

Passado o teste, acho que não teria grandes problemas com ninguém. Mas no pouco tempo que tivemos, e isso inclui também sensações passadas por telefone e e-mails, é natural que eu tenha uma simpatia maior por algumas pessoas, aquelas com as quais me visualizo mais à vontade. Seja para repetir uma cena, seja para fazer uma piada cretina e mudar o clima na gravação
.

De amanhã até quarta-feira (3), ansiedade do celular chega ao fim. Pelo menos essa.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Montagem de teste

52GB, 12 DVD's, quase três horas de imagens com definição o suficiente para quase travar o computador. Especialmente se o seu for como o meu.

Tentei montar no domingo à noite com Rafael Sodré, mas apocalipse deu as caras. Como de costume, ele (Rafael, não o apocalipse) queria fazer outra sequência, quase outro filme. Uma das coisas ótimas de nossa convivência é que quase nunca concordamos, mas dessa vez a verdade é que, como trabalha 26 horas por dia, sequer tinha pensado em mandar roteiro para ele, perdido em meio ao que eu queria passar. Mas está tudo sob controle: material bruto enviado a Roberto, parte do teste decupado, restante em andamento. Em breve teremos cenas montadas.

Não posso falar por atores e atrizes, mas ansiedade de confirmação de minha parte é grande. O que pode significar que, com elenco definido, a princípio, a dor de cabeça está perto do fim. Ou seria apenas o começo? Não sei. Mas, se for o segundo caso, pode vir, querida.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Parceria

Oficializamos hoje o primeiro parceiro de Nunca mais vou filmar. Trata-se do Gato Xadrez - pizzeria gourmet. Alguém que apóia cultura sem interferir na liberdade artística e que, também por isso, nos dá orgulho de estampar a logomarca deles.

Com relação ao teste de ontem, mesmo no que no melhor dos sentidos, mais dor de cabeça. Só que não posso reclamar dela, de quem fui atrás porque quis. Como diria Truffaut, o diretor é aquele que não tem o direito de se queixar.

Mas se não posso me queixar, tenho que elogiar os dois que mais ajudaram nesse período. As primeiras pessoas para quem liguei quando confirmamos parceria. Aquelas que mais têm tido disponibilidade e paciência nesse período: Lica (Ornelas) e David (Campbell).

Ela sempre lá, mesmo quando o tédio de ontem (sozinha fora da sala em boa parte do tempo) só foi combatido por Saulo (Nery). E que me lançou um "e aí?", ansiosa por resposta reveladora do teste, e que até agora ouve reticências. Já o rapaz imponente até no nome, para não falar das mãos mágicas, tem ouvido abençoado. Assim como o do ator. "Nem tanta cara de ódio. Mas ela tá bacana. Faça essa cara de ódio. Só que sem ódio".

Que seja apenas o começo. Tanto das orientações precisas, como dos mecenas. Tudo para que o filme, diferente do diretor no específico momento nada objetivo, funcione.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Profissionalismo

Still: O Maldito Ladrão de Memórias (Brasil 2009), de Roberto Cotta

Não sei quando, nem se um dia, trabalharei em ambiente tão agradável e com tanto prazer. (Tá certo que nem sei se volto a dirigir, mas pulemos essa parte.) O que falta de certeza de retorno, sobra de disposição, empatia e profissionalismo.

Para quem não sabe, Roberto Cotta, o assistente de direção, mora em Belo Horizonte, onde faz mestrado em Cinema na UFMG. Embora só possa vir para Salvador para ensaios e gravações, entre telefone e e-mails, contato é quase diário. Por vários motivos, alguns óbvios, quase tudo que falamos é impublicável. Essa sensação, no entanto, preciso compartilhar.

Lá se vão três ou quatro visitas, mas até agora não me canso de ler o que ele escreveu com sua percepção do teste. Transpus para o Word, são cinco páginas. Cinco páginas de texto corrido, com observações detalhadas e preciosas sobre emparelhamento, atuação solo e "momento divã". E com um humor sempre bem vindo.

Impossível medir contribuição.
Queria ligar para o sacana, mas a bateria do celular dele deu peripaque. Conserte logo.

Ps: Aqui você pode assistir a O Maldito Ladrão de Memórias, curta de monsieur Cotta exibido este ano na mostra Short Film Corner do Festival de Cannes
.

sábado, 16 de outubro de 2010

Confirmação

Foto: David Campbell

Batido o martelo para o segundo teste de elenco, o contato com atores e atrizes já foi feito. Agora é esperar retorno (daqueles de quem ainda não tivemos) e ver até que ponto investiremos mais em opções ou tempo. Sinceramente, prefiro o segundo.

Direto de BH, já temos novidades de Roberto Cotta. Em outra coisa boa, amiga se ofereceu para fazer o still. Mesmo que tenhamos nome para função, é bacana ver o interesse e a camaradagem de gente assim. Alguns já sabem, mas nunca é demais lembrar: por uma questão de liberdade artística, confirmamos a recisão de contrato com Warner e Fox.

No decorrer da semana, no entanto, temos reunião com possível parceira. Do mesmo nível, só que sem tirar nossa autonomia. Espero não apenas que ela seja proveitosa, como também que não seja a única. Como diz perfil no Orkut, "não vai esperar edital, começa a filmar em breve. Aceita mecenas para todas as etapas".

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Leitura coletiva

Foto: David Campbell

A partir de amanhã, a qualquer momento confirmamos local e data do segundo (e último) teste de elenco.

Hoje, é inevitável controlar hesitação e ansiedade, alguns dos ingredientes que me fazem funcionar. Temos bons nomes, podemos ter melhores, podemos não tê-los. É difícil não soltar "até o próximo teste, e talvez mesmo até depois dele, é você que quero para o papel."

Mas ainda falta, além de algo que só a distância e o tempo podem dar, a opinião de Roberto (o Cotta). Admito que é difícil chamar de assistente alguém que, além de colega, teve seu filme selecionado para Cannes.
Por outro lado, e também por isso, ouvi-lo é não só importante como prazeroso.

Enquanto isso, serenidade e impaciência convivem bem. Por ora, até lêem juntas.

sábado, 9 de outubro de 2010

Poesia cruel*

* O texto a seguir foi publicado no 7 cronistas crônicos, com reação e sensações causadas pelo teste da quarta-feira (6).

Escrever é fácil. Você escolhe, apaga, substitui, você assassina palavras sem dó e sem ser punido. Ninguém fica triste, nem você nem elas. Mesmo maravilhas como
batráquio, estrambólico, somítico (descobri como sinônimo de avarento), todas vivem felizes; citadas aqui ou não, podadas ou mantidas pelo editor. O mesmo pode valer para pedaços de filme: a película em si, quando cortada, vira resto, o que importa é o resultado final. Só que aí entra uma crueldade que não costuma se contar.

Em filmes com orçamentos generosos e procura farta, vídeos de
youtube e extras de DVD me disseram que os testes de elenco costumam ser rápidos. Em retrato do século XXI, sobra gente e falta tempo.

Mas não é assim com quem começa, até porque quem começa, tratando da regra, não tem dinheiro. Sem ele, as coisas só funcionam à base de afinidade e camaradagem, e não é fácil ser um profissional em semelhante início e topar algo por igual (falta de) garantia de retorno.

A publicidade e o número de interessados, entre atores e atrizes, são bem menores. É preciso não apenas um cada vez mais raro grau de desprendimento, mas também razoáveis doses de desejo, empatia e identificação.

Nesse caso específico da audição, o romantismo beirou a poesia. Mas se a poesia nos remete à arte e ao que é belo, quando se fala em meio, ela se liga, primeiramente, à escrita. E no teste não há espaço para a escrita.

Tudo vira imagem. Mas tudo também é orgânico. Não há sinônimos, não há equivalentes.

O que existe, ou existiu ali, foi um ambiente entre colegas; alguns amigos, outros que ficaram. Todos parceiros em atividades irmãs ou complementares.
Deu vontade de escrever, se não outro roteiro, pelo menos mais dois ou três personagens. Eles e elas mereciam.

Ps: Muito obrigado, Edgard, pelas palavras que os manuais não dizem.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Montagem

Garantimos ontem a montagem de Nunca mais vou filmar.

Para ser mais específico, entregamos à Dimas o ofício de solicitação para montagem e finalização do curta-metragem na ilha de edição da entidade.

Já temos, portanto, um lugar na fila.

Em visão otimista, mas também possível, isso significa que podemos montá-lo logo depois das filmagens. Tomara.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Teste de elenco

Pouca coisa é tão boa quanto uma produção eficiente.

Em meio à impossibilidade do previsto, com um estalar de dedos Lica Ornelas garantiu local, dia e hora para o teste de elenco.

TÉO – 20 e poucos anos, estatura e estrutura física mediana.
SARA
– 20 e poucos anos, estatura e estrutura física mediana.

Os interessados, além dos que agradaram e já foram contactados, podem entrar em contato conosco:

Leandro Afonso (direção): 8760-3660
Lica Ornelas (produção): 9923-2515

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Boas-vindas

Este é o blog de Nunca mais vou filmar.

Curta prestes a ter sua pré-produção oficialmente iniciada, será filmado em Salvador, e marca a estreia na ficção deste que vos escreve, diretor de
Do Goleiro ao Ponta-esquerda (2008, 22 minutos).

Não espere nada de novo.

A ideia é mostrar um pouco dos preparativos, da produção e da equipe, sem deixar que isso se torne uma via de mão única.

Críticas, ou simples comentários, são bem vindos. Sempre.